As cordas cósmicas, resquícios hipotéticos dos primeiros momentos do Universo, estão no centro de um estudo conduzido pelo Instituto Kavli de Física e Matemática do Universo no Japão. Essas estruturas, formadas durante as transições de fase sucessivas do Big Bang, são consideradas como defeitos na própria trama do espaço-tempo.
Com uma espessura não ultrapassando a de um próton e um comprimento estendendo-se de uma extremidade à outra do Universo, essas cordas cósmicas poderiam ter uma massa excedendo a da Terra em um comprimento de apenas um a dois quilômetros.
Esta imagem é uma simulação gerada por computador que representa a amplitude do gradiente das anisotropias induzidas pelas cordas cósmicas no fundo cósmico de microondas. Chris Ringeval
Até agora, a comunidade científica considerava essas cordas como quase indestrutíveis, estáveis desde o Big Bang até os nossos dias. Apenas uma colisão mútua ou a formação de um laço poderia levar à sua decomposição em partículas e radiações energéticas. Contudo, esta nova pesquisa sugere que as cordas cósmicas podiam ser na realidade metaestáveis. Este conceito de metaestabilidade, comum no mundo físico, descreve um estado temporariamente estável mas suscetível de ser perturbado por uma mudança de equilíbrio.
O estudo revela um mecanismo possível para esta instabilidade: a interação com monopólos magnéticos, partículas hipotéticas criadas também durante as transições de fase do Big Bang. Estes monopólos, possuindo apenas um polo magnético (norte ou sul), poderiam se aniquilar na presença de "antimonopólos" perto das cordas cósmicas, liberando energia capaz de "cortar" estas cordas ao meio. Este processo de instabilidade levaria finalmente à dissolução das cordas cósmicas.
A dissolução das cordas cósmicas poderia gerar ondas gravitacionais. Estas ondas, vibrações do espaço-tempo, poderiam ser os vestígios da existência das cordas cósmicas no Universo. Embora as próprias cordas cósmicas não tenham sido diretamente observadas, as ondas gravitacionais detectadas recentemente poderiam ser interpretadas como sinais da sua presença passada.
Esta pesquisa abre novas perspectivas para compreender os mistérios do Universo primitivo e os fundamentos da cosmologia moderna. Os cientistas estão agora interessados em análise detalhada das ondas gravitacionais para determinar se elas realmente provêm das cordas cósmicas ou de outros fenômenos como colisões de buracos negros.