As cabines de bronzeamento são frequentemente vistas como uma forma rápida de obter um tom bronzeado, mas um estudo recente revela que elas podem acelerar o envelhecimento genético da pele em várias décadas, superando até mesmo os efeitos naturais do tempo.
Esta investigação, conduzida por cientistas da Universidade da Califórnia em San Francisco e da Universidade Northwestern, foi publicada na revista
Science Advances. Concentrou-se nos efeitos moleculares do bronzeamento artificial, analisando dados médicos e amostras celulares para identificar os mecanismos em jogo.
Os investigadores analisaram amostras de pele de 26 dadores e sequenciaram 182 células. As suas observações indicam que os adultos jovens que usam cabines de bronzeamento apresentam mais mutações genéticas do que indivíduos duas vezes mais velhos. Estas alterações são particularmente visíveis em áreas como a parte inferior das costas, pouco expostas ao sol, mas frequentemente visadas pelos aparelhos.
Além disso, estas mutações estão associadas a um aumento do risco de cancro da pele, nomeadamente o melanoma. Embora este tipo de cancro represente apenas uma pequena fração dos casos, é responsável pela maioria das mortes. Os raios ultravioleta, sejam provenientes do sol ou das cabines, são a sua principal causa, e a sua acumulação pode favorecer o aparecimento de células cancerosas ao longo dos anos.
O estudo também examinou os registos médicos de mais de 32.000 pacientes em dermatologia, incluindo o seu uso de cabines de bronzeamento e os seus antecedentes familiares. Esta abordagem permitiu estabelecer uma ligação direta entre a exposição a UV artificiais e a acumulação de mutações, oferecendo uma visão detalhada dos danos celulares nos utilizadores regulares, nomeadamente as mulheres jovens que constituem uma parte importante da clientela.
Os autores esclarecem que a pele dos utilizadores de cabines é marcada por células portadoras de mutações precursoras do melanoma. Notam que, uma vez ocorrida uma mutação, ela é irreversível, e que reduzir a exposição a UV artificiais é fundamental para evitar estes danos, privilegiando alternativas sem radiação não natural.
Embora as cabines de bronzeamento sejam classificadas como cancerígenas pela Organização Mundial da Saúde, ao mesmo nível do fumo do tabaco, elas permanecem legais e procuradas em muitos países. Esta popularidade está correlacionada com um aumento das taxas de melanoma, particularmente entre mulheres jovens, o que levanta questões sobre as medidas de prevenção e a sensibilização do público.
Os raios UV e as mutações cancerígenas
Os raios ultravioleta são uma forma de radiação eletromagnética emitida pelo sol e por fontes artificiais, como as lâmpadas de bronzeamento. Dividem-se em vários tipos, incluindo os UVA e UVB, que podem penetrar na pele em diferentes profundidades. Estes raios são conhecidos pela sua capacidade de provocar danos no ADN, criando ligações químicas anormais entre as bases nucleicas, o que perturba a replicação celular.
Quando o ADN é danificado pelos UV, podem ocorrer mutações específicas, como substituições de bases ou quebras de cadeias. Estas alterações podem ativar genes promotores de cancro ou desativar genes supressores de tumores. Ao longo de exposições repetidas, estas mutações acumulam-se, aumentando a probabilidade de algumas células escaparem aos mecanismos de controlo e se tornarem malignas, levando a cancros como o melanoma.
As cabines de bronzeamento emitem frequentemente níveis concentrados de UV, o que pode acelerar este processo de mutação em comparação com uma exposição solar moderada. Isto explica por que os utilizadores regulares, mesmo jovens, apresentam perfis mutacionais semelhantes aos de pessoas muito mais velhas. O efeito é particularmente acentuado em áreas pouco expostas ao sol, onde a pele está menos adaptada a estas agressões.