Canibalismo e massacre: a descoberta que congela o sangue 💀

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Antiquity
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Há 4.000 anos, gritos ecoaram no fundo de uma caverna na Inglaterra. Nesse local, vestígios contam hoje um episódio de arrepiar. Uma comunidade inteira foi vítima de uma violência tão extrema que deixa os cientistas perplexos.

Tudo começou nos anos 1970, quando espeleólogos exploraram um abismo natural em Charterhouse Warren, no condado de Somerset. Eles descobriram mais de 3.000 fragmentos de ossos humanos. Contudo, só cinco décadas depois, uma análise detalhada revelou a magnitude da tragédia. Os restos pertencem a 37 indivíduos: homens, mulheres, crianças e até recém-nascidos.


a) Trauma perimortem na parte posterior esquerda do osso frontal.
b) Marcas de golpes visíveis no osso frontal.
c) Faceta arredondada na superfície interna ao redor da lesão.
d) Crânio apresentando uma perfuração no osso frontal mediano.
e) Vista ampliada mostrando fraturas irradiantes.
f) Vista interna revelando uma faceta arredondada.
g) Crânio adulto.
h) Marcas de golpes ao longo do frontal mediano.
i) Fratura perimortem por impacto contuso em um fragmento conjuntivo do osso frontal direito.

As marcas nos ossos contam um relato aterrorizante. Crânios esmagados indicam golpes desferidos a curta distância. Em alguns fragmentos, traços de cortes sugerem mutilações post-mortem: decapitações, escalpelamentos e até vísceras extraídas. Os ossos dos membros apresentam sinais de mastigação humana. Esses indícios esmagadores apontam para atos de canibalismo.

Os pesquisadores acreditam que essas violências não estão ligadas a uma simples fome. Próximo aos ossos humanos, foram encontrados vestígios de gado, o que exclui a necessidade vital de alimento. Esta descoberta leva os cientistas a considerar outras explicações. Alguns sugerem a hipótese de uma vingança ritual ou um ato simbólico para extinguir uma comunidade rival.

Outras hipóteses ligam os eventos à bactéria Yersinia pestis, causadora da peste. Traços do agente patogênico foram identificados nos dentes de duas crianças. O medo de uma epidemia poderia ter intensificado as tensões e provocado uma explosão de violência coletiva.

Para Anna Osterholtz, bioarqueóloga, esses atos extremos poderiam ter servido para reforçar a coesão social de um grupo. Demonstrar uma violência pública teria permitido afirmar dominação sobre rivais ou definir limites claros dentro de uma comunidade.

Rick Schulting, arqueólogo na Universidade de Oxford, ressalta que a Idade do Bronze inicial era até então percebida como uma era pacífica. Os vestígios de Charterhouse Warren desafiam essa ideia. A ausência de sepultura e o estado dos ossos testemunham um massacre sem precedentes.

O enigma permanece. Por que tamanha crueldade? Trata-se de um ato isolado ou de um ciclo de represálias entre tribos? Por enquanto, os cientistas continuam analisando os ossos para desvendar esse mistério antigo.

Este episódio sombrio relembra que a violência não é algo recente. As sociedades da Idade do Bronze eram capazes de atos de uma brutalidade sem igual, bem longe das imagens idealizadas que poderíamos ter dessa época.
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