💫 Cientistas perplexos: nosso Sistema Solar viaja pelo espaço 3 vezes mais rápido que o previsto

Publicado por Adrien,
Fonte: Physical Review Letters
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Vivemos em um planeta que parece imóvel, no entanto a Terra gira em torno do Sol a uma velocidade vertiginosa, e todo o nosso Sistema Solar se move pela galáxia. Mas a que velocidade exatamente navegamos pelo cosmos? Uma descoberta recente vem revolucionar nossas certezas sobre esta viagem interestelar.

Uma equipe de astrônomos usou uma rede de telescópios de rádio extremamente sensíveis para mapear galáxias que emitem ondas de rádio. Estas ondas particulares atravessam facilmente nuvens de gás e poeira cósmica, ao contrário da luz visível. Ao estudar como estas galáxias de rádio estão distribuídas no espaço, os pesquisadores conseguiram medir o movimento do nosso Sistema Solar com uma precisão inédita. Eles constataram uma ligeira assimetria nesta distribuição, mais acentuada na direção em que nos deslocamos.


Diagrama da magnetosfera e heliosfera do Sol

O resultado é surpreendente: nosso Sistema Solar se deslocaria mais de três vezes mais rápido que o previsto pelos modelos cosmológicos atuais. Esta velocidade excepcional questiona nossa compreensão da estrutura em grande escala do Universo. Os pesquisadores destacam que esta descoberta não é isolada, pois observações infravermelhas de quasares já haviam sugerido um movimento similar, reforçando a credibilidade destes novos resultados.

Lukas Böhme, que lidera a equipe, explica que esta anomalia força os cientistas a reconsiderar algumas hipóteses fundamentais. Ou nossa velocidade real é bem superior às previsões, ou a distribuição das galáxias de rádio no Universo não é tão uniforme quanto se pensava. Em ambos os casos, isso significa que nossos modelos cosmológicos, que descrevem a evolução do Universo desde o Big Bang, necessitam de ajustes importantes.

Dominik J. Schwarz, cosmólogo membro da equipe, acrescenta que esta descoberta abre novas perspectivas de pesquisa. Compreender por que nosso Sistema Solar se move tão rapidamente poderia nos esclarecer sobre as forças que esculpem o Universo em grande escala. Os próximos estudos deverão determinar se esta velocidade incomum é uma particularidade local ou se reflete uma característica mais geral do cosmos.

Esta pesquisa é publicada na Physical Review Letters.

As galáxias de rádio, faróis cósmicos


As galáxias de rádio são galáxias particulares que emitem intensas ondas de rádio desde estruturas chamadas lóbulos. Estes lóbulos se estendem bem além da parte visível da galáxia, formando imensos reservatórios de energia. Ao contrário da luz visível, as ondas de rádio atravessam facilmente as nuvens de gás e poeira interestelares sem serem absorvidas.

Esta propriedade única faz das galáxias de rádio excelentes marcos para mapear o Universo distante. Os astrônomos podem detectá-las mesmo quando se encontram atrás de regiões opacas à luz visível. A rede de telescópios LOFAR, usada neste estudo, é especialmente concebida para captar estes sinais de rádio com uma sensibilidade excepcional.

Ao analisar a distribuição espacial de milhares de galáxias de rádio, os pesquisadores podem detectar variações sutis em sua distribuição. Uma ligeira sobrerrepresentação numa direção particular indica o movimento do observador - neste caso, nosso Sistema Solar. Este método assemelha-se a observar como a chuva parece cair mais forte diante de um veículo em movimento.

A precisão desta técnica depende da sensibilidade dos instrumentos e do número de galáxias observadas. Os recentes progressos tecnológicos permitem agora detectar anisotropias ínfimas que eram invisíveis há apenas alguns anos, abrindo assim novas janelas sobre a dinâmica cósmica.

O modelo cosmológico padrão em questão


O modelo cosmológico padrão é o quadro teórico que descreve a evolução e a estrutura do Universo desde o Big Bang. Ele se apoia em vários pilares fundamentais, dentre os quais a homogeneidade e a isotropia do Universo em grande escala. Estes princípios supõem que o Universo apresenta as mesmas propriedades em todas as direções e em todos os pontos.

Este modelo prediz certas velocidades de movimento para as estruturas cósmicas, incluindo a do nosso Sistema Solar na galáxia. A descoberta de uma velocidade três vezes superior às previsões questiona diretamente estas predições. O desvio observado é tão importante que não pode ser atribuído a uma simples margem de erro estatística.

Várias explicações são consideráveis: ou forças gravitacionais não consideradas aceleram nosso movimento local, ou o Universo apresenta inhomogeneidades em escala maior que o previsto. A coerência com as observações infravermelhas dos quasares sugere que o fenômeno é real e necessita uma revisão dos modelos.

Esta situação recorda outros momentos da história da cosmologia onde observações inesperadas conduziram a avanços maiores. Revisar o modelo padrão poderia nos ajudar a compreender melhor a matéria escura, a energia escura, ou outros componentes ainda misteriosos do Universo.
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