Como gênero e crenças moldam nossa visão da homossexualidade? 👀

Publicado por Redbran,
Fonte: Universidade de Genebra
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Uma equipe de pesquisa mostra como a interpretação de certas informações científicas sobre a orientação sexual difere de acordo com o gênero e a religiosidade dos indivíduos.


A orientação sexual resultaria de processos ainda amplamente debatidos. No entanto, há vários anos, uma parte significativa da pesquisa tenta identificar os possíveis fatores biológicos. O objetivo: mostrar que nossas preferências sexuais são simples variantes da natureza. Para suas defensoras e defensores, essa abordagem baseada em fatos científicos seria eficaz para combater a estigmatização, especialmente das pessoas homossexuais.

Uma equipe da Universidade de Genebra (UNIGE) mostra que a interpretação desses dados, por indivíduos heterossexuais, depende fortemente de seu quadro de referência. Ela pode, assim, levar a um reforço tanto de atitudes negativas quanto positivas em relação à homossexualidade. Esses resultados foram publicados na Archives of Sexual Behavior.

Nossa orientação sexual resultaria de processos tanto ambientais quanto biológicos. Mas, até hoje, nenhuma teoria científica é consensual. Para tentar explicá-la, uma parte importante da pesquisa se concentrou na obtenção de dados biológicos. Essa abordagem postula que essas informações - genéticas, hormonais ou fisiológicas - são objetivas e, portanto, a priori, particularmente relevantes para explicar nossas preferências.

Nosso estudo mostra até que ponto a interpretação de informações, mesmo científicas, continua fortemente modulada por nossos valores e crenças.

"Esse ângulo de pesquisa visa encontrar 'provas' científicas para demonstrar que a homossexualidade é uma variante natural da biologia. Ele moldou parte dos debates políticos, sociais e morais em defesa das minorias sexuais. Para as pessoas que o defendem, ele contribuiria para promover atitudes mais positivas em relação à homossexualidade", explica Juan M. Falomir-Pichastor, professor titular da Seção de Psicologia da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UNIGE.

Ao conduzir um dos poucos estudos experimentais aprofundados sobre o tema, o pesquisador mostra hoje que a interpretação dessas "provas", por pessoas heterossexuais, é na realidade fortemente modulada por seu quadro de referência. Ela pode, assim, resultar tanto em uma leitura positiva quanto negativa da homossexualidade.

Dois fatores de interpretação


Para realizar a pesquisa, a equipe recrutou 300 voluntários. Homens e mulheres heterossexuais, crentes (de confissão cristã) e não crentes. O gênero e a religiosidade são dois fatores de interpretação reconhecidos como importantes. Essas pessoas foram expostas a dados científicos sugerindo que haveria diferenças biológicas entre pessoas heterossexuais e homossexuais.

Após o experimento, a equipe observou que a percepção positiva, pré-existente nos indivíduos não crentes, se reforçou nos homens menos religiosos. Ela permaneceu estável nas mulheres menos religiosas. A percepção negativa, pré-existente nos indivíduos crentes, seguiu o caminho inverso nos homens mais religiosos (ela se reforçou). Mas também permaneceu inalterada em suas contrapartes femininas.

Diferença positiva vs diferença negativa


"A diferença de impacto do experimento sobre homens e mulheres que participaram do estudo se explica pela forte necessidade de diferenciação dos homens heterossexuais", explica Juan M. Falomir-Pichastor. "Essas pessoas associam diretamente a masculinidade à heterossexualidade. Assim, elas 'aproveitam' qualquer elemento que reforça essa associação, mantendo-se distantes da homossexualidade".

Se essa necessidade de diferenciação foi identificada de maneira geral nos homens, ela não resultou no mesmo efeito entre os crentes e os não crentes da amostra. Os crentes interpretaram os dados científicos como "provas" de anomalia, e sua atitude negativa foi reforçada. Os segundos viram neles "provas" da diversidade das expressões possíveis da sexualidade humana. Sua atitude positiva em relação à homossexualidade foi, portanto, reforçada.

Os perigos do discurso essencializador


"Nosso estudo mostra até que ponto a interpretação de informações, mesmo apresentadas como científicas, continua fortemente modulada por nossos valores e crenças. Ele também mostra que, ao 'essencializar' uma parte da população, esse tipo de discurso pode se revelar perigoso. É, portanto, mais do que nunca necessário avaliar e repensar os argumentos sobre a inclusão das minorias baseados nessa forma de determinismo biológico", conclui o pesquisador.
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