Como a vida aprendeu a respirar? Uma descoberta importante đŸŒ±

Publicado por Adrien,
Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences
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A questĂŁo do ovo ou da galinha ganha um viĂ©s cientĂ­fico quando se trata de determinar se a produção de oxigĂȘnio pela fotossĂ­ntese ou seu consumo pelo metabolismo aerĂłbico (como a respiração) surgiu primeiro. Uma descoberta casual pode trazer uma resposta para esse mistĂ©rio da evolução.

Uma equipe internacional de investigadores identificou uma molĂ©cula que pode ser o elo perdido entre a fotossĂ­ntese e o metabolismo aerĂłbico. Essa molĂ©cula, chamada metil-plastoquinona, foi encontrada numa bactĂ©ria que utiliza nitrogĂȘnio, a Nitrospirota, e apresenta caracterĂ­sticas semelhantes Ă s usadas pelas plantas para a fotossĂ­ntese.


As quinonas, molĂ©culas presentes em todas as formas de vida, eram atĂ© agora classificadas em duas categorias: aquelas que requerem oxigĂȘnio e aquelas que nĂŁo o requerem. A descoberta da metil-plastoquinona sugere a existĂȘncia de um terceiro tipo, potencialmente na origem das outras duas.

Esta descoberta lança uma nova luz sobre o Grande Evento de Oxidação, um perĂ­odo hĂĄ cerca de 2,3 a 2,4 bilhĂ”es de anos, quando as cianobactĂ©rias começaram a produzir oxigĂȘnio em quantidades significativas atravĂ©s da fotossĂ­ntese. A presença da metil-plastoquinona em bactĂ©rias que respiravam oxigĂȘnio antes desse perĂ­odo sugere que algumas bactĂ©rias jĂĄ tinham a capacidade de utilizar oxigĂȘnio antes mesmo de as cianobactĂ©rias começarem a produzi-lo.

Os investigadores acreditam que essa molécula é uma cåpsula do tempo, um fóssil vivo que sobreviveu por mais de 2 bilhÔes de anos. Ela pode ser a forma ancestral das quinonas, que posteriormente se diversificaram para dar origem às usadas pelas plantas e pelas mitocÎndrias humanas.

Este estudo, publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences, abre novas perspectivas sobre a evolução do metabolismo aerĂłbico e a forma como os organismos aprenderam a respirar oxigĂȘnio com segurança. Ele tambĂ©m destaca a sofisticação dos sistemas quĂ­micos que permitem que nossas cĂ©lulas sobrevivam num ambiente rico em oxigĂȘnio.


Felix Elling, ex-investigador pĂłs-doutoral em Harvard e autor principal do estudo.
Crédito: Felix Elling

Esta pesquisa tambĂ©m destaca a importĂąncia dos mecanismos de proteção contra os danos causados pelo oxigĂȘnio, que permitiram a diversificação da vida como a conhecemos hoje. A descoberta da metil-plastoquinona pode ser a chave para entender como a vida evoluiu para se adaptar a um mundo rico em oxigĂȘnio.

O que é o Grande Evento de Oxidação?


O Grande Evento de Oxidação Ă© um perĂ­odo crucial na histĂłria da Terra, ocorrido hĂĄ cerca de 2,3 a 2,4 bilhĂ”es de anos. Ele marca o momento em que as cianobactĂ©rias, um tipo de alga, começaram a produzir oxigĂȘnio em quantidades significativas atravĂ©s da fotossĂ­ntese.

Essa produção de oxigĂȘnio transformou radicalmente a atmosfera terrestre, tornando-a rica em oxigĂȘnio e propĂ­cia Ă  vida aerĂłbica. Antes desse evento, a atmosfera terrestre era pobre em oxigĂȘnio, e a vida era principalmente anaerĂłbica.

O Grande Evento de Oxidação permitiu o surgimento e a diversificação dos organismos aerĂłbicos, que utilizam oxigĂȘnio para o seu metabolismo. Isso abriu caminho para a complexificação da vida na Terra, levando finalmente ao aparecimento de organismos multicelulares e, muito mais tarde, dos seres humanos.

No entanto, o aumento do oxigĂȘnio na atmosfera tambĂ©m provocou mudanças ambientais significativas, incluindo extinçÔes em massa de organismos anaerĂłbicos que nĂŁo conseguiam tolerar os nĂ­veis elevados de oxigĂȘnio.

Como as quinonas influenciam o metabolismo?


As quinonas são moléculas essenciais presentes em todas as formas de vida. Elas desempenham um papel crucial nos processos metabólicos, especialmente na cadeia de transporte de elétrons, que é fundamental para a produção de energia nas células.

Existem dois tipos principais de quinonas: as quinonas aerĂłbicas, que requerem oxigĂȘnio para funcionar, e as quinonas anaerĂłbicas, que nĂŁo o requerem. As quinonas aerĂłbicas sĂŁo usadas pelas plantas para a fotossĂ­ntese e por animais e bactĂ©rias para respirar.

A descoberta da metil-plastoquinona, uma terceira variante de quinona, sugere uma transição evolutiva entre as quinonas anaeróbicas e aeróbicas. Essa molécula pode ser um elo perdido na evolução do metabolismo aeróbico.

As quinonas sĂŁo, portanto, fundamentais para entender como os organismos evoluĂ­ram para utilizar o oxigĂȘnio de forma eficiente e segura, permitindo assim a diversificação da vida na Terra.
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