A crosta terrestre está a desmoronar-se sob os Estados Unidos 🌍

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature Geoscience
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Sob o Midwest americano, uma parte do continente está a perder progressivamente a sua base. Este fenómeno geológico lento, invisível à superfície, intriga os cientistas.

Uma equipa internacional identificou um mecanismo inédito: "gotas" de rocha estão a desprender-se da crosta terrestre e a mergulhar no manto. Esta descoberta esclarece a dinâmica dos continentes em escalas de tempo muito amplas.

Um processo geológico pouco conhecido


Os cratões, estes núcleos continentais com vários milhares de milhões de anos, constituem a estrutura rígida dos continentes. A sua excepcional estabilidade permite-lhes resistir aos movimentos tectónicos ao longo de escalas de tempo geológicas. No entanto, sob o Midwest americano, dados sísmicos revelam um afinamento anormal da base do cratão norte-americano, sinal de uma perturbação profunda.


Figura do estudo mostrando as gotas rochosas sob o cratão a mergulhar no manto.
Os investigadores levantam a hipótese de que estes fluxos são causados pelos vestígios da placa de Farallon em subducção sob o cratão. Crédito: Hua et al., Nature Geoscience.

A imagem da "gota" descreve um fenómeno físico preciso: sob o efeito do calor e das tensões mecânicas, a base do cratão amolece e forma protuberâncias que, sob o seu próprio peso, acabam por se desprender. Este processo lembra o comportamento de materiais viscosos como o mel que escorre gota a gota, mas à escala de centenas de quilómetros e ao longo de milhões de anos.

Ao contrário de eventos antigos, como a destruição do cratão do Norte da China, este é observável em tempo real graças às técnicas modernas. Os investigadores conseguiram medir que esta erosão interna, embora lenta, altera duradouramente a estrutura do continente. Estas observações oferecem uma oportunidade única para compreender como evoluem os continentes a muito longo prazo.

O papel crucial de uma antiga placa oceânica


A placa Farallon, desaparecida há cerca de 200 milhões de anos, continua a influenciar a geologia norte-americana de forma surpreendente. Embora quase totalmente subduzida, os seus vestígios enterrados a 600 km de profundidade perturbam as correntes do manto sob o cratão. Este fenómeno cria forças de cisalhamento que fragilizam progressivamente a base litosférica.

A interação entre estes restos da placa e o cratão funciona como um mecanismo de erosão invisível. As modelizações mostram que a placa atua de duas formas: desviando os fluxos de matéria quente do manto e libertando fluidos que alteram quimicamente as rochas. Estes processos combinados explicam a formação das "gotas" observadas por sismologia.

Esta descoberta estabelece uma ligação direta entre eventos tectónicos antigos e a evolução atual dos continentes. Os investigadores conseguiram validar esta hipótese comparando modelos com e sem a presença da placa Farallon — as gotas só aparecendo no primeiro caso. Uma prova adicional vem das formações geológicas do Kentucky, cuja origem se explica agora por este fenómeno.
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