Nós descendemos não de um, mas de pelo menos dois grupos antigos 🧬

Publicado por Adrien,
Fonte: Nature Genetics
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A história das nossas origens humanas acabou de se tornar mais complexa. Um estudo recente revela que descendemos não de uma, mas de pelo menos duas populações ancestrais distintas.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge utilizaram sequências genômicas completas para rastrear nosso passado. Sua análise mostra que dois grupos humanos antigos, separados há cerca de 1,5 milhão de anos, voltaram a se misturar há 300 mil anos. Essa mistura contribuiu com 80% e 20%, respectivamente, para o nosso patrimônio genético atual.


Ao contrário da teoria dominante de uma única linhagem evolutiva, este estudo publicado na Nature Genetics sugere uma história mais matizada. Os cientistas desenvolveram um algoritmo, cobraa, para modelar esses eventos. Essa ferramenta permitiu identificar assinaturas genéticas de populações hoje extintas.

A equipe também descobriu que um dos grupos ancestrais sofreu uma redução drástica em seu tamanho antes de se reconstituir lentamente. Esse grupo é responsável pela maioria do nosso DNA e parece também ser o ancestral dos neandertais e dos denisovanos. O outro grupo, embora minoritário, pode ter desempenhado um papel crucial no desenvolvimento do nosso cérebro.

Os genes herdados do segundo grupo estão frequentemente localizados longe das regiões funcionais do genoma. Isso pode indicar uma seleção natural que eliminou mutações deletérias ao longo do tempo.

A aplicação do cobraa a outras espécies, como morcegos e golfinhos, revelou estruturas de populações ancestrais semelhantes. Esses resultados questionam a ideia de uma evolução linear e simples para muitas espécies. As trocas genéticas parecem ter sido um motor importante da diversificação.

Os fósseis de Homo erectus e Homo heidelbergensis podem corresponder a essas populações ancestrais. No entanto, pesquisas adicionais são necessárias para estabelecer correspondências precisas. Os cientistas planejam refinar seu modelo para entender melhor as trocas genéticas graduais entre populações.

Este estudo destaca a riqueza e a complexidade da nossa história evolutiva. Também demonstra o poder da genética para reconstituir eventos antigos, oferecendo assim uma nova visão sobre nossas origens.

O que é seleção purificadora?


A seleção purificadora é um processo evolutivo que elimina mutações genéticas prejudiciais ao longo das gerações. Ela age como um filtro, favorecendo variantes genéticas que não alteram a função das proteínas ou a sobrevivência do organismo.

Esse mecanismo é particularmente importante nas regiões do genoma essenciais para a vida. Mutações deletérias nessas áreas são rapidamente descartadas, o que mantém a estabilidade das funções biológicas críticas.

Neste estudo, a seleção purificadora pode explicar por que alguns genes do grupo ancestral minoritário estão localizados longe das regiões funcionais. Esses genes, menos compatíveis com o fundo genético majoritário, podem ter sofrido uma pressão seletiva mais forte.

A compreensão desse processo esclarece os mecanismos da evolução e da adaptação. Mostra como a natureza otimiza os genomas para garantir a sobrevivência e a reprodução das espécies.
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