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💀 Descoberta de múmias pré-históricas, milénios antes das múmias egípcias
Publicado por Adrien, Fonte:PNAS Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Muito antes das famosas múmias egípcias, comunidades pré-históricas já haviam desenvolvido técnicas de conservação de corpos.
Há cerca de 10.000 anos, na China e no Sudeste Asiático, grupos humanos praticavam a mumificação por defumação, um método que precede em vários milénios as mumificações conhecidas no Chile ou no Egito. Longe de ser apenas utilitária, esta prática parece ter tido uma forte dimensão espiritual e cultural.
Pesquisas recentes, publicadas na PNAS, analisaram dezenas de sepulturas descobertas na China, nas Filipinas, no Laos, na Tailândia, na Malásia e na Indonésia. Os esqueletos, frequentemente depositados em posição fetal muito apertada, apresentam vestígios de aquecimento suave e depósitos de fuligem. Esses indícios mostram que os corpos tinham sido expostos ao fumo de fogueiras mantidas durante muito tempo, bem antes da sua inumação. Os investigadores utilizaram métodos não destrutivos, como a difração de raios X e a espectroscopia de infravermelhos, confirmando que não se tratava de cremações, mas sim de um tratamento funerário elaborado.
Restos de um homem de meia-idade mumificado e enterrado há mais de 9.000 anos na China. Crédito: Yousuke Kaifu e Hirofumi Matsumura
Para Hsiao-chun Hung, responsável pelo estudo, este processo tinha sem dúvida um valor ritual e simbólico, tanto quanto uma função de preservação. O fumo permitia que os falecidos permanecessem visíveis entre os vivos, materializando os laços sociais e espirituais dentro das comunidades. Nos climas quentes e húmidos do Sudeste Asiático, a defumação retardava eficazmente a decomposição, mas apenas por algumas décadas ou séculos, ao contrário das múmias egípcias concebidas para durar milénios.
Esta tradição não desapareceu totalmente. Algumas comunidades da Indonésia, como os Dani e os Pumo, ainda a perpetuam hoje em dia. Em 2019, investigadores observaram o processo: os corpos são firmemente amarrados, expostos ao fumo de fogueiras a baixa temperatura e enegrecidos até ficarem rígidos. Estas práticas atuais lembram fortemente os métodos pré-históricos e sugerem uma continuidade cultural de vários milhares de anos, talvez nascida de experiências fortuitas durante rituais ou inspirada nas técnicas utilizadas para conservar carne animal.
Múmia moderna defumada dos Dani, na Papua (Indonésia). Crédito: Hirofumi Matsumura e Hsiao-chun Hung
Estas descobertas também apoiam o modelo designado de "migração em duas camadas" no Sudeste Asiático. Este propõe que a região foi primeiro povoada, há cerca de 65.000 anos, por caçadores-recolectores, e depois que uma segunda vaga de migrantes, agricultores neolíticos, chegou há cerca de 4.000 anos com novas práticas sociais e tecnológicas. As tradições funerárias como a mumificação por defumação aparecem então como marcadores culturais valiosos para reconstituir estas histórias humanas.
Ivy Hui-Yuan Yeh, antropóloga independente, salienta que estes resultados se integram nos modelos atuais de migração humana antiga. Eles sugerem que a mumificação por defumação é muito mais antiga e difundida do que se pensava, talvez tendo surgido logo nas primeiras expansões do Homo sapiens fora de África, há cerca de 42.000 anos.
Mumificação por defumação: uma técnica ancestral
A mumificação por defumação consiste em expor um corpo ao fumo de fogueiras mantidas a baixa temperatura. O calor e o fumo desidratam lentamente os tecidos e limitam a ação das bactérias, retardando assim a decomposição. Ao contrário da mumificação egípcia, que recorre ao uso de produtos químicos como o natrão, este método baseia-se em fenómenos físicos simples, acessíveis mesmo a sociedades sem tecnologias avançadas.
Nas regiões tropicais, onde o calor e a humidade aceleram a putrefação, a defumação representava uma solução eficaz. Mas a sua implementação exigia um grande domínio do fogo, para evitar uma combustão completa. Este saber-fazer devia, portanto, ser cuidadosamente transmitido e repetido dentro das comunidades.
Hoje em dia, os arqueólogos identificam estas práticas através de vestígios como os depósitos de carbono nos ossos. As observações etnográficas, por sua vez, mostram a persistência desta técnica, fornecendo pistas concretas sobre os métodos utilizados na pré-história.