Descoberta: os egípcios consumiam um coquetel alucinógeno contendo... sangue humano 🩸

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Scientific Reports
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Um vaso com 2.200 anos de antiguidade, adornado com a intrigante efígie do deus anão egípcio Bès, acaba de revelar um segredo inesperado. Pesquisadores identificaram nele vestígios de uma bebida com propriedades alucinógenas, utilizada em rituais antigos. Esta descoberta nos transporta ao coração das crenças e práticas pouco conhecidas do Egito greco-romano.


Bès, frequentemente representado como um anão jovial, desempenhava um papel crucial na proteção dos lares e na fertilidade. Porém, ele agora surge ligado a rituais mais enigmáticos. Por meio de análises químicas avançadas, os cientistas revelaram que este vaso continha uma mistura complexa: plantas psicotrópicas, como Peganum harmala e Nymphaea caerulea, além de ingredientes curiosos como gergelim, uva e alcaçuz.

O objetivo dessa composição não era apenas medicinal. Fluidos corporais também foram encontrados, como sangue e saliva, indicando uma dimensão ritualística onde os participantes se conectavam simbolicamente com a divindade. Essas práticas também teriam permitido recriar o "mito do olho solar", no qual Bès apazigua a deusa Hathor com uma bebida semelhante ao sangue.

Para confirmar essas hipóteses, a equipe internacional combinou várias técnicas avançadas, incluindo extração de DNA antigo e espectroscopia infravermelha. Esses métodos permitiram decifrar a composição da bebida e revelar seus usos prováveis em rituais de adivinhação ou proteção de mulheres grávidas.

A importância dos sonhos nesses rituais é destacada. Em santuários dedicados a Bès, egípcios dormiam para obter visões proféticas, muitas vezes após consumir essas substâncias. Os efeitos alucinógenos da mistura teriam incentivado essas experiências oníricas, reforçando o papel espiritual de Bès.


a) Vaso para beber em forma de cabeça de Bès, Oásis de El-Fayoum, período ptolomaico-romano.
b) Taça de Bès, coleção Ghalioungui, 10,7 × 7,9 cm.
c) Taça de Bès, inv. n° 14.415, Museu Allard Pierson, 11,5 × 9,3 cm.
d) Taça de Bès, El-Fayoum, dimensões desconhecidas.

O vaso estudado está preservado no Tampa Museum of Art, na Flórida. Embora seja impossível determinar sua origem exata, ele testemunha práticas culturais que mesclavam medicina, religião e "mágica". Os cientistas destacam que esse tipo de análise esclarece um lado pouco conhecido da história egípcia.

Esta descoberta abre novas perspectivas sobre os vínculos entre mitologia e substâncias alucinógenas na Antiguidade. Ao explorar esses vestígios, os pesquisadores revelam uma dimensão espiritual onde arte e ciência se encontram, refletindo uma época em que o místico e o cotidiano eram inseparáveis.

O que é o mito do olho solar?

O mito do olho solar é uma lenda egípcia na qual Hathor, deusa da fertilidade e do céu, fica furiosa e sanguinária. Essa raiva simboliza uma ameaça cósmica ao equilíbrio do mundo.

Na história, Bès, o deus anão protetor, intervém para acalmar Hathor. Ele lhe oferece uma bebida especial, colorida para se assemelhar ao sangue. Essa bebida, enriquecida com plantas psicotrópicas, faz a deusa cair em um sono profundo.

Esse relato ilustra o poder da magia e dos rituais na mitologia egípcia. Também simboliza a capacidade de divindades benevolentes em controlar forças destrutivas.
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