Descoberta: o segredo anti-câncer da aspirina 💊

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature
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Uma simples pílula de aspirina poderia frear a progressão do câncer? Um estudo recente revela como esse medicamento comum estimula o sistema imunológico e impede que as células cancerígenas se espalhem.


Pesquisadores da Universidade de Cambridge descobriram um mecanismo inédito que explica o efeito anti-metastático da aspirina. Esse avanço abre caminho para tratamentos mais acessíveis e direcionados.

O mecanismo por trás do efeito anti-câncer da aspirina


A aspirina age inibindo a produção de tromboxano A2 (TXA2), uma molécula produzida pelas plaquetas sanguíneas. O TXA2, conhecido por seu papel na coagulação, também reduz a eficácia das células T, essenciais para combater as células cancerígenas. Ao reduzir os níveis de TXA2, a aspirina permite que as células T se tornem mais ativas e ataquem as células cancerígenas antes que elas se espalhem.

Os pesquisadores identificaram um gene, ARHGEF1, que desempenha um papel central nesse processo. Esse gene produz uma proteína que, quando ativada pelo TXA2, torna as células T inoperantes. Ao bloquear o TXA2, a aspirina impede essa queda de eficácia, permitindo que as células imunológicas combatam as células cancerígenas. Essa descoberta foi feita de forma acidental, enquanto os cientistas estudavam metástases em camundongos.

Experimentos com camundongos portadores de melanoma confirmaram esse mecanismo. Os camundongos tratados com aspirina apresentaram menos metástases nos pulmões e no fígado do que os do grupo de controle. Esses resultados sugerem que a aspirina pode ser particularmente eficaz para prevenir a disseminação do câncer em estágios iniciais, quando as células cancerígenas estão mais vulneráveis.

Resultados promissores, mas precauções são necessárias


Testes em camundongos com melanoma mostraram que a aspirina reduziu significativamente a disseminação do câncer para os pulmões e o fígado. Essa redução das metástases está diretamente ligada à reativação das células T, que recuperam sua capacidade de atacar as células cancerígenas. Esses resultados confirmam o potencial da aspirina como uma ferramenta preventiva contra a disseminação do câncer.

No entanto, os pesquisadores ressaltam que a aspirina não é isenta de riscos. Em alguns pacientes, ela pode causar efeitos colaterais graves, como sangramentos internos ou úlceras gástricas. Essas complicações limitam seu uso em larga escala e exigem uma abordagem personalizada para identificar os pacientes que poderiam se beneficiar sem riscos.

Ensaios clínicos estão em andamento para avaliar a eficácia e a segurança da aspirina na prevenção de metástases. Esses estudos também visam determinar as doses ideais e os tipos de câncer mais sensíveis a esse tratamento. Paralelamente, essa descoberta pode inspirar o desenvolvimento de novos medicamentos que atuem especificamente na via TXA2-ARHGEF1, oferecendo uma alternativa mais barata e acessível do que as imunoterapias atuais.

Para saber mais: Como as células T combatem o câncer?


As células T, também chamadas de linfócitos T, são glóbulos brancos especializados na defesa do organismo contra células anormais, como as cancerígenas. Elas desempenham um papel crucial na resposta imunológica, identificando e destruindo células tumorais por meio de receptores específicos em sua superfície.

Quando uma célula T reconhece uma célula cancerígena, ela se ativa e se multiplica para formar um exército de células assassinas. Essas células liberam substâncias tóxicas que destroem a célula cancerígena ou desencadeiam sua autodestruição. Esse mecanismo é essencial para impedir a formação de metástases, especialmente quando as células cancerígenas se desprendem do tumor principal.
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