O telescópio espacial James Webb (JWST) continua surpreendendo os astrônomos. Em apenas dois anos, ele revelou galáxias muito distantes, mas, acima de tudo, extremamente luminosas, o que questiona nossas teorias atuais.
Essas galáxias, observadas pouco após o Big Bang, brilham muito mais do que o que se imaginava para essa época. No entanto, nossos modelos cosmológicos previam que a formação de estrelas nesse período deveria ter sido mais lenta.
Visão artística do telescópio espacial James Webb. Crédito: NASA
Essas descobertas levam os cientistas a reconsiderar algumas hipóteses sobre a formação das galáxias. De fato, o brilho desses objetos pode estar relacionado a uma formação estelar muito mais intensa do que o previsto. O JWST utiliza a espectroscopia para estudar essas galáxias distantes. Esse método permite analisar a luz e determinar as propriedades das estrelas e do gás nesses sistemas. Graças a essa técnica, os pesquisadores podem desvendar os segredos do universo primitivo.
O modelo cosmológico padrão, chamado ΛCDM, inclui três componentes principais: matéria comum, matéria escura fria e energia escura. Esse quadro explica, em grande parte, a formação das galáxias que observamos hoje.
No entanto, a presença de galáxias tão brilhantes e formadas rapidamente desafia certos aspectos desse modelo. Ajustes na maneira como o gás se transforma em estrelas podem ser necessários. Teorias recentes sugerem até que uma "energia escura precoce" pode ter desempenhado um papel nessa formação acelerada. Essa hipótese poderia explicar tanto o crescimento rápido das galáxias como outros enigmas, como a "tensão de Hubble".
Por enquanto, essas galáxias não "desafiam" o Universo, mas abrem caminho para novas pesquisas. O JWST continua trazendo dados valiosos, e os astrônomos esperam ainda mais revelações sobre nossas origens cósmicas.
O que é a matéria escura?
A matéria escura é um tipo de matéria invisível que não pode ser detectada diretamente com os instrumentos atuais. Ela não emite, não absorve nem reflete luz, o que a torna indetectável pelos métodos de observação habituais.
Os cientistas sabem que ela existe devido aos seus efeitos gravitacionais. Ela representa cerca de 85% da matéria no Universo e desempenha um papel fundamental na formação e evolução das galáxias, exercendo uma força gravitacional sobre a matéria visível.
A matéria escura continua sendo um dos maiores mistérios da cosmologia moderna.
O que é a energia escura?
A energia escura, por outro lado, é uma forma de energia que constitui cerca de 68% do Universo. Ela é responsável pela aceleração da expansão do Universo, um fenômeno descoberto nos anos 1990 por meio da observação de supernovas distantes.
Ao contrário da matéria escura, a energia escura não interage com a gravidade de maneira tradicional. Ela atua mais como uma força repulsiva, que empurra o Universo a se expandir cada vez mais rapidamente.
Embora a energia escura seja um conceito fundamental no modelo cosmológico atual, sua natureza exata ainda é amplamente incompreendida.