Les bloqueurs de pubs mettent en péril la gratuité de ce site.
Autorisez les pubs sur Techno-Science.net pour nous soutenir.
▶ Poursuivre quand même la lecture ◀
Esses alimentos simples mostram-se promissores contra os cânceres 🍣
Publicado por Adrien, Fonte:The Conversation sob licença Creative Commons Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Os lipídios de origem marinha mostram-se promissores contra os cânceres. Alguns, como os ácidos graxos ômega-3 presentes em alimentos como peixes gordurosos, podem agir na prevenção. Outros servem de inspiração para o desenvolvimento de moléculas terapêuticas.
Imagem de ilustração Pixabay
O ambiente marinho representa uma grande diversidade inexplorada de flora e fauna, e, portanto, uma elevada probabilidade de descoberta de novas moléculas com fins terapêuticos. Nele, encontram-se moléculas com forte potencial anticancerígeno.
Pode-se citar a citarabina, inspirada em moléculas originárias de uma esponja das Caraíbas (Cryptotethya crypta) e utilizada em certas formas de leucemias. No caso dos lipídios de origem marinha, também temos a miltefosina, indicada no tratamento das metástases cutâneas do câncer de mama.
O ambiente marinho é a principal fonte de lipídios (comumente chamados de "gorduras"), conhecidos por seus efeitos inibidores do desenvolvimento tumoral. Esses lipídios de origem marinha podem ser utilizados de duas maneiras complementares. A primeira abordagem é nutricional, especialmente através da alimentação. A segunda abordagem é baseada no desenvolvimento de agentes anticancerígenos lipídicos cujas estruturas moleculares são derivadas ou inspiradas no ambiente marinho.
Focar nas células cancerígenas ou no ambiente tumoral
Independentemente das abordagens, esses lipídios de origem marinha agem em alvos específicos das células tumorais ou do microambiente tumoral. O objetivo é atuar de forma abrangente no organismo da pessoa doente, bem como no próprio tumor, de modo a prevenir ou inibir o crescimento tumoral, sensibilizar as células tumorais aos tratamentos anticâncer (como quimioterapia, radioterapia e imunoterapia) e retardar a desnutrição associada ao câncer.
Ao influenciar certas etapas do desenvolvimento e progressão dos tumores, os fatores alimentares estimulam ou inibem sua formação. Assim, o surgimento de vários tipos de câncer poderia ser retardado se a ingestão de componentes alimentares que estimulam o desenvolvimento tumoral fosse limitada ou, inversamente, se fossem incluídos na alimentação fatores com atividade inibitória.
Sardinha, cavala e outros peixes gordurosos, fontes marinhas de ômega-3
Entre os lipídios de origem marinha estão:
- os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3, fornecidos pela alimentação. Eles estão presentes em peixes gordurosos como sardinha, cavala e arenque.
- Éter-lipídios encontrados, por exemplo, no óleo de fígado de tubarão e nas vieiras.
Esses diferentes tipos de lipídios (ácidos graxos poli-insaturados dos fosfolipídios e éter-lipídios) são componentes das membranas celulares, especialmente das células cancerígenas. No nível dessas células, esses lipídios e seus derivados podem também atuar na transmissão de sinais envolvidos no desenvolvimento do tumor.
Os mecanismos moleculares e celulares pelos quais esses lipídios influenciam o desenvolvimento tumoral, crescimento, migração e invasão de células cancerígenas, assim como a resposta aos tratamentos, estão sendo investigados, especialmente em nossa unidade de pesquisa Inserm - Universidade de Tours, UMR 1069 "Nicho, Nutrição, Câncer e metabolismo Oxidativo (N2COx)".
Câncer de mama, próstata, leucemias: ácidos graxos anti-tumorais
Nos últimos anos, identificamos vários lipídios ou classes de lipídios de origem marinha que exercem atividades anti- ou pró-tumorais. Esses lipídios atuam nas células cancerígenas ao se incorporar nas membranas, onde se encontram proteínas alvo desses lipídios (incluindo canais iônicos).
Nas células cancerígenas, o ômega-3 EPA bloqueia um processo complexo envolvendo um canal chamado SK3. O canal SK3 favorece, entre outras coisas, a migração das células cancerígenas, sendo essa migração responsável por sua agressividade e desenvolvimento de metástases.
No caso de leucemias, também demonstramos que os ômega-3 DHA e EPA exercem uma atividade anti-leucêmica. Isso resultou em um protocolo clínico realizado em vários centros de pesquisa, que mostra que esses ácidos graxos podem ser administrados com segurança a pacientes recém-diagnosticados com leucemia de alto risco, sem comprometer a quimioterapia.
Além disso, estudos em modelos animais, que necessitam ser confirmados em humanos, sugerem que os ômega-3 podem também retardar a desnutrição induzida pelo câncer.
Nos três tipos de câncer mencionados, a presença dos ômega-3 EPA e DHA está associada a cânceres menos agressivos, pois esses lipídios exercem ação antitumoral.
Amanhã, uma suplementação com ômega-3 em complemento aos tratamentos?
O impacto desses ômega-3 ainda precisa ser melhor explorado em nível molecular. Contudo, isso indica o interesse de uma suplementação nutricional para a prevenção de câncer. Nesse contexto, nossa equipe demonstrou que uma suplementação alimentar com ômega-3 DHA durante a quimioterapia aumenta a sobrevivência de pessoas com câncer de mama metastático.
Também identificamos categorias de lipídios produzidos pelo organismo (éter-lipídios, alquil-lipídios e alquenil-lipídios ou plasmalogênios) que são encontrados em maior quantidade nos tumores do que nos tecidos não tumorais. Esses lipídios são encontrados nas membranas das células, próximas ao canal SK3, já mencionado, que desempenha um papel na migração das células cancerígenas.
Recentemente descrevemos, pela primeira vez, com precisão, o papel dessas duas classes de lipídios endógenos. Os alquenil-lipídios limitam a agressividade das células cancerígenas (bloqueando a atividade do canal SK3), enquanto os alquil-lipídios desempenham uma ação oposta (ativando o canal SK3).
Esses estudos permitem abrir caminhos para combater a progressão das células cancerígenas que contêm essas duas classes de lipídios endógenos em maiores quantidades do que nos tecidos saudáveis.
O ideal seria favorecer a categoria de lipídios (alquenil-lipídios) que limita a agressividade das células cancerígenas. Esses lipídios, presentes nos produtos do mar, poderiam eventualmente ser produzidos de forma sintética para integrar a composição de medicamentos curativos.
Éter-lipídios sintéticos, como o Ohmline, também demonstraram interesse terapêutico. As modalidades de ação deste lipídio, recém-comercializado pela empresa Lifesome Therapeutics, permitem reduzir o desenvolvimento das metástases e modificar a resposta aos anticorpos terapêuticos (também chamados de anticorpos monoclonais). Esse lipídio sintético reduz a atividade do canal SK3 envolvido na migração de células cancerígenas.
Aumentar o potencial dos produtos marinhos contra o câncer
Dessa forma, é realizado um contínuo desde os modelos oferecidos pelos produtos marinhos até as aplicações terapêuticas no tratamento do câncer.
Essas pesquisas, que fazem parte das investigações da rede “Moléculas marinhas, metabolismo e câncer” do Cancéropôle do Grand-Ouest, devem aumentar o potencial, já reconhecido, dos produtos marinhos no combate ao câncer e permitir seu uso preventivo, além de auxiliar no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.
Atualmente, já dispomos de dados muito promissores para a prevenção de cânceres através das diferentes famílias de lipídios de origem marinha ou sintética, que podem ser propostas como agentes de sensibilização para quimioterapia, radioterapia e anticorpos terapêuticos.
Este artigo é fruto de pesquisas realizadas pela equipe “Nicho Nutrição Câncer & metabolismo Oxidativo (N2COx)” da Universidade de Tours.