Esses músculos nos permitiam mover nossas orelhas antigamente. Para que servem agora? 👂

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Frondiers in Neuroscience
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Há milhões de anos, nossos ancestrais eram capazes de mover suas orelhas para captar melhor os sons, assim como cães ou gatos. Mas, com a evolução, essa capacidade foi gradualmente desaparecendo, deixando para trás músculos agora inúteis... ou quase. Pesquisadores acabaram de descobrir que esses músculos não estão totalmente inativos: quando uma pessoa se concentra em um som, eles se ativam discretamente, como um vestígio esquecido de um passado distante.


Imagem ilustrativa Pixabay


Os músculos auriculares: uma herança evolutiva adormecida


Os músculos auriculares tinham um papel essencial no passado: permitiam que nossos ancestrais girassem as orelhas para detectar sons ao redor de forma mais eficaz, seja um predador se aproximando ou uma fonte de alimento. Essa habilidade ainda é claramente visível em muitos mamíferos, como os felinos, que orientam suas orelhas ao menor ruído suspeito.

Mas, no ser humano moderno, a visão e a comunicação verbal gradualmente superaram essa capacidade auditiva. Resultado: os músculos auriculares perderam sua função primária e se tornaram estruturas residuais. No entanto, embora não permitam mais mover as orelhas de forma eficaz, eles continuam a se ativar em certas situações...

Uma atividade oculta revelada pela ciência


Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Saarland, na Alemanha, em colaboração com cientistas americanos, descobriu recentemente que esses músculos não estão totalmente inertes. Ao colocar eletrodos nas orelhas de voluntários, eles observaram a ativação dos músculos auriculares quando um indivíduo tenta se concentrar em um som específico, especialmente em um ambiente barulhento.

O experimento consistia em fazer vinte participantes ouvirem um audiolivro, enquanto ocasionalmente adicionavam um ruído de fundo perturbador, como outro podcast tocando simultaneamente. Resultado: quanto mais exigente era a tarefa de escuta, mais os músculos auriculares superiores e posteriores se contraíam, como se tentassem instintivamente orientar as orelhas para a fonte sonora, embora esse movimento seja agora imperceptível.

Por que esses músculos ainda se ativam?


Essa descoberta levanta uma questão intrigante: por que esses músculos continuam a reagir se não podemos mais orientar nossas orelhas? Os pesquisadores propõem uma hipótese: seria um reflexo ligado ao esforço de atenção. Em outras palavras, quando a escuta se torna difícil, nosso cérebro mobiliza inconscientemente esses músculos vestigiais, como um antigo hábito evolutivo do qual nunca perdemos completamente o rastro.

O estudo mostra que essa reação é particularmente marcada quando o som vem de trás ou de uma direção incomum. Outro fato interessante: se o participante para de se esforçar para ouvir, a ativação dos músculos desaparece imediatamente, confirmando que não se trata de um simples reflexo, mas sim de uma resposta ao nível de concentração.

Rumo a novas aplicações?


Embora essas pequenas contrações musculares não melhorem diretamente nossa audição, elas poderiam ter aplicações interessantes. Por exemplo, poderiam servir como um indicador objetivo para medir a atenção auditiva de uma pessoa. A longo prazo, essa descoberta poderia até abrir caminho para novas abordagens no estudo de distúrbios auditivos ou de atenção.

No final das contas, nossos músculos auriculares são um lembrete de nosso passado evolutivo: se não nos permitem mais mover as orelhas como um gato em alerta, eles testemunham a engenhosidade do corpo humano, que preserva traços de sua história, mesmo quando parecem não ter mais utilidade imediata.
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