Forar a vários quilômetros de profundidade para encontrar uma energia ilimitada 🔋

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature Communications
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A energia geotérmica pode ultrapassar as fronteiras atuais. Uma equipe de pesquisadores mostrou que rochas dúcteis, até agora inexploradas, podem ser fraturadas.

Cerca de 87% do calor interno da Terra provém da desintegração radioativa de minerais como urânio e tório. Essas rochas, localizadas em grandes profundidades, podem se tornar uma fonte considerável de energia.


Usina geotérmica.
Imagem de ilustração Pixabay

Atualmente, a geotermia se limita a regiões vulcânicas. No entanto, novas descobertas abrem caminho para a exploração de recursos geotérmicos supercríticos, presentes em quase todos os lugares do globo. Empresas como a Quaise Energy tentam perfurar mais profundamente do que nunca para acessar essas rochas. Poços de perfuração deverão então chegar a profundidades de até dez quilômetros, onde a temperatura ultrapassa os 500°C.

As rochas dúcteis, comparadas a caramelo mole, se deformam sob fortes pressões. No entanto, elas podem ser fraturadas, permitindo que a água circule nelas e transporte energia.

Os pesquisadores devem primeiro recriar em laboratório as condições extremas de temperatura e pressão, semelhantes às que reinam no interior da crosta terrestre. Gabriel Meyer, da EPFL, conduziu uma experiência revelando que, mesmo nessas profundidades extremas, a água supercrítica pode circular através das rochas dúcteis. Uma descoberta que pode transformar o futuro da geotermia.

Marie Violay, diretora do projeto, destaca a importância desse avanço para a exploração de reservatórios geotérmicos profundos, ainda inacessíveis até agora.

Água supercrítica: um estado da água perfeito para a geotermia


A água supercrítica é um estado da matéria atingido quando a água ultrapassa sua temperatura e pressão críticas (374°C e 221 bares). Nessa fase, ela não é totalmente líquida nem totalmente gasosa. Combina algumas propriedades de ambos os estados, permitindo extrair grandes quantidades de energia térmica.

A água supercrítica tem uma densidade próxima à de um líquido, ao mesmo tempo em que tem uma viscosidade semelhante à de um gás. Ela se torna um excelente condutor de calor, transportando de maneira eficiente a energia das profundezas da crosta terrestre para a superfície. Essa capacidade única a torna ideal para usinas geotérmicas, já que pode multiplicar a produção de energia em comparação com a água comum.

Os reservatórios geotérmicos supercríticos são zonas subterrâneas onde a temperatura excede os 400°C e onde a água atinge um estado supercrítico. Esses reservatórios geralmente se encontram a profundidades entre 5 e 10 quilômetros, perto da fronteira entre a crosta terrestre e o manto.

Nesses reservatórios, a água supercrítica pode transportar grandes quantidades de energia térmica. Esse fenômeno poderia aumentar dramaticamente a produção de eletricidade, em até dez vezes mais do que os métodos geotérmicos tradicionais que utilizam água em temperaturas mais baixas.

A exploração dos reservatórios geotérmicos supercríticos depende de técnicas de perfuração profunda e da capacidade de manter a circulação da água através de rochas dúcteis. Esses reservatórios representam um desafio técnico devido às condições extremas de pressão e temperatura, mas os recentes avanços, como os da EPFL, mostram que esses recursos podem ser acessíveis e prometem uma revolução na energia geotérmica.
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