O momento em que ocorre a primeira menstruação pode revelar riscos para a saúde a longo prazo. Um estudo brasileiro destaca ligações surpreendentes entre a puberdade e certas patologias na idade adulta.
Esta pesquisa, apresentada no congresso anual da Endocrine Society, analisa as consequências de uma puberdade precoce ou tardia. Os resultados destacam correlações claras com distúrbios metabólicos, cardiovasculares ou reprodutivos.
Riscos diferenciados de acordo com a idade da primeira menstruação
Mulheres que tiveram a primeira menstruação antes dos 10 anos apresentam maior risco de obesidade, diabetes e hipertensão. Essas associações persistem na idade adulta, segundo dados coletados de 7.623 brasileiras.
Menstruações tardias, após os 15 anos, parecem paradoxalmente protetoras contra a obesidade. No entanto, aumentariam a probabilidade de distúrbios menstruais e certas condições cardíacas.
Este estudo, parte do projeto ELSA-Brasil, combina exames clínicos e imagens médicas. Ele confirma tendências observadas em países ricos, mas com particularidades próprias das populações latino-americanas.
Rumo a uma medicina preventiva mais direcionada
Os autores sugerem integrar este indicador biológico nos exames de saúde. Uma simples pergunta sobre a idade da primeira menstruação permitiria identificar pacientes em risco.
A equipe da Universidade de São Paulo defende campanhas de educação em saúde adaptadas. As jovens afetadas poderiam se beneficiar de um acompanhamento médico reforçado.
Esta abordagem é particularmente relevante em países em desenvolvimento. Os sistemas de saúde poderiam assim antecipar certas patologias crônicas graças a um marcador facilmente acessível.