O impacto dos microplásticos sobre as chuvas torrenciais 🌧️

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Environmental Science & Technology: Air
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Ao se acumularem na atmosfera, os microplásticos poderiam influenciar o tempo e o clima, como sugere um estudo recente publicado em Environmental Science & Technology: Air.

Sua presença favorece a formação de cristais de gelo, essenciais para a gênese das nuvens e das precipitações. Os microplásticos desempenhariam assim um papel inédito nos processos climáticos.


Esses minúsculos fragmentos, muitas vezes inferiores a 100 micrômetros, viajam com o vento e atingem alturas insuspeitáveis. Eles já foram encontrados em nuvens de montanhas na Ásia. Esses dados mostram sua infiltração sistemática nos processos atmosféricos.

Sua capacidade de induzir a formação de cristais de gelo se baseia em um fenômeno chamado nucleação. Normalmente, a água pura só congela em temperaturas extremamente baixas, mas a presença de partículas sólidas, como poeira ou bactérias, eleva esse limite. Segundo o estudo, os microplásticos tornam possível essa cristalização já a -22°C, muito mais quente do que os -38°C exigidos em outras circunstâncias.

Esses cristais desempenham um papel decisivo na dinâmica das nuvens, modificando sua estrutura e comportamento. Ao favorecer o crescimento das nuvens, eles aumentam a probabilidade de precipitações intensas.

Concretamente, esses cristais agem como núcleos de condensação: as gotículas de água presentes na atmosfera se formam ao redor dessas partículas sólidas, o que permite que uma quantidade maior de vapor d'água se acumule nelas. À medida que as gotículas aumentam de tamanho e se aglomeram, seu peso se torna suficiente para superar as correntes ascendentes que as mantinham em suspensão na nuvem.

Esse processo acelerado de coalescência resulta em gotas maiores que caem em forma de chuva, frequentemente mais abundante e intensa que o normal.


As nuvens também desempenham um papel essencial na regulação da temperatura terrestre. Sua composição, misturando água líquida e gelo, determina sua capacidade de refletir ou absorver a luz solar. Ao modificar esse equilíbrio, os microplásticos poderiam perturbar a energia do planeta, amplificando certos efeitos climáticos.

O estudo explorou quatro tipos comuns de plásticos, como o polipropileno e o PVC, e simulou seu "envelhecimento" na atmosfera. Expostos ao ozônio ou aos raios UV, alguns plásticos têm sua capacidade de nucleação alterada, tornando seus efeitos climáticos mais complexos de prever.

Apesar de tudo, muitas incertezas permanecem. Qual é a real concentração de microplásticos nas nuvens? Como eles se comparam a outras partículas atmosféricas? São questões que os cientistas esperam responder para entender melhor esses atores invisíveis, porém influentes, do clima.

Por que as nuvens precisam de partículas sólidas?


As nuvens não se formam apenas a partir de vapor d'água. Partículas sólidas, como poeira ou cristais, servem como núcleos ao redor dos quais a umidade pode se condensar. Esses núcleos, chamados núcleos de condensação, reduzem a energia necessária para transformar a umidade em gotículas de água. Sem eles, as nuvens teriam dificuldade em se formar.

O tamanho e a composição dessas partículas influenciam diretamente a dinâmica das nuvens. Algumas partículas favorecem gotículas maiores, enquanto outras limitam seu crescimento. A abundância dessas partículas, muitas vezes devido a atividades humanas ou naturais, modifica a estrutura e a capacidade das nuvens de produzir precipitações.
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