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🐍 Invenção de um antiveneno universal contra picadas das cobras mais venenosas
Publicado por Cédric, Autor do artigo: Cédric DEPOND Fonte:Nature Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
A luta contra as picadas de cobras venenosas, flagelo sanitário importante nas regiões tropicais, pode conhecer uma virada decisiva graças às biotecnologias. Uma abordagem inovadora, libertando-se dos métodos tradicionais de produção, abre a perspectiva de tratamentos mais seguros e mais eficazes. Este avanço baseia-se na engenharia de proteínas particulares, oferecendo uma alternativa direcionada e ética aos soros clássicos.
Esta descoberta científica, fruto de uma colaboração internacional, marca uma etapa significativa na conceção de terapias recombinantes. Ao concentrarem-se nas cobras elapídeas de África, como as cobras-capelo e as mambas, os investigadores desenvolveram um anticorpo sintético. O objetivo é suprir as limitações dos antídotos existentes, cuja fabricação depende ainda amplamente da imunização de animais como os cavalos, um processo com mais de um século.
Imagem Wikimedia
Uma inovação biotecnológica direcionada
O coração desta nova terapia reside na utilização de nanocorpos naturalmente produzidos pelos camelídeos. O seu pequeno tamanho e a sua estabilidade conferem-lhes propriedades vantajosas para neutralizar as toxinas do veneno. Para os obter, os cientistas imunizaram uma alpaca e um lhama com venenos de várias cobras, e depois identificaram os genes responsáveis pela produção dos nanocorpos mais eficazes.
A partir desta biblioteca genética, a equipa selecionou 8 nanocorpos específicos, capazes de reconhecer e bloquear 7 famílias de toxinas diferentes. Esta seleção permite constituir uma mistura definida e reproduzível, ao contrário dos soros tradicionais cuja composição pode variar de lote para lote. A produção faz-se depois em laboratório, sem necessitar de recolhas repetidas em animais.
Os testes pré-clínicos, detalhados na revista Nature, demonstraram uma eficácia notável. O coquetel de nanocorpos protegeu ratos contra os venenos de 17 das 18 espécies de cobras elapídeas testadas. Não só impediu a morte, como também reduziu significativamente as necroses teciduais, um dano comum e incapacitante que os tratamentos atuais muitas vezes têm dificuldade em travar.
Uma esperança para as populações vulneráveis
O impacto potencial desta descoberta é imenso para a saúde pública. A Organização Mundial da Saúde classifica a picada de cobra entre as doenças tropicais negligenciadas mais mortíferas, causando dezenas de milhares de mortes anuais e tantas incapacidades permanentes. As comunidades rurais da África subsaariana e do sul da Ásia são as mais afetadas, com um acesso limitado a cuidados adequados.
A produção recombinante oferece um caminho para uma melhor acessibilidade terapêutica. Ao padronizar a fabricação, poderia permitir reduzir os custos de produção e obter um produto de qualidade constante. Esta abordagem elimina também os riscos de efeitos secundários ligados às proteínas animais estranhas, muitas vezes presentes nos soros clássicos e responsáveis por reações indesejadas.
Embora promissor, este tratamento necessita ainda de desenvolvimentos antes de uma aplicação clínica. As próximas etapas consistirão em otimizar a produção em grande escala e validar a inocuidade e a eficácia no ser humano. Os investigadores trabalham já em formulações similares para direcionar as cobras de outras regiões do mundo, com a ambição de transformar duravelmente o tratamento desta emergência médica.