💥 Júpiter protegeu a Terra mesmo antes do seu nascimento, revela estudo

Publicado por Adrien,
Fonte: Science Advances
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A influência de Júpiter no nosso Sistema Solar remonta a uma época em que a Terra ainda era apenas um aglomerado de poeira e gás. Muito antes do nosso planeta tomar forma, o gigante gasoso já desempenhava um papel determinante na distribuição da matéria em torno do jovem Sol. Pesquisas recentes revelam como o seu crescimento rápido alterou o destino dos mundos rochosos, criando barreiras invisíveis que protegeram os futuros constituintes da Terra.

Graças a simulações computacionais avançadas, uma equipa da Universidade de Rice reconstituiu os primeiros milhões de anos do Sistema Solar. Os seus modelos mostram que a gravidade colossal de Júpiter perturbou o disco de gás e poeira que rodeava o Sol, formando anéis de matéria densa. Estas estruturas atuaram como "engarrafamentos cósmicos", impedindo que os grãos de poeira espiralassem em direção à estrela. Assim, os materiais que viriam a formar a Terra, Vénus e Marte puderam acumular-se em segurança, longe do calor destrutivo do centro.


Imagem Wikimedia

Ao crescer, Júpiter cavou um amplo sulco no disco protoplanetário, dividindo o Sistema Solar em duas zonas distintas: a interior, rica em elementos rochosos, e a exterior, dominada por gases e gelos. Esta separação impediu a mistura de materiais entre estas regiões, preservando assinaturas isotópicas únicas nos meteoritos. Os isótopos são variantes de um mesmo elemento químico que diferem no número de neutrões, e o seu estudo permite traçar a origem dos corpos celestes. Esta barreira gravitacional também permitiu a formação tardia de planetesimais, os blocos de construção dos planetas.

O estudo publicado na Science Advances resolve um enigma de longa data: por que razão alguns meteoritos primitivos, chamados condritos, se formaram vários milhões de anos após os primeiros sólidos do Sistema Solar. Estes condritos contêm pequenas gotículas fundidas, as côndrulas, que conservam uma impressão química das condições iniciais. Os investigadores explicam que Júpiter, ao desacelerar o fluxo de matéria, criou as condições propícias para uma segunda geração de planetesimais, alguns dos quais estão na origem destes meteoritos. Assim, o gigante gasoso influenciou diretamente o calendário de formação dos corpos rochosos.

Os anéis e lacunas previstos por estes modelos são hoje observados em torno de estrelas jovens graças a instrumentos como o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile. Estas observações confirmam que os planetas gigantes esculpem ativamente o seu ambiente durante a sua formação. No nosso próprio Sistema Solar, o legado de Júpiter ainda é legível nos meteoritos que caem na Terra, verdadeiros arquivos dos primeiros instantes. Sem a sua intervenção, a arquitetura planetária que conhecemos provavelmente não existiria, e a própria Terra poderia ter tido um destino bem diferente.

O disco protoplanetário e o seu papel na formação dos planetas


O disco protoplanetário é uma imensa nuvem de gás e poeira que rodeia uma jovem estrela nascente, como o Sol nos seus primeiros milhões de anos. É o berço de todos os planetas, onde a matéria se aglomera progressivamente sob o efeito da gravidade. Este disco é dinâmico: as partículas giram em torno da estrela e interagem entre si, criando zonas de densidade variável.

A temperatura diminui com o afastamento da estrela, o que influencia a composição dos planetas. Perto do Sol, os elementos voláteis como a água e os gases evaporam-se ou são expulsos para o exterior, dando lugar a rochas e metais que formarão os planetas telúricos. Mais longe, onde faz mais frio, os gelos e os gases podem condensar-se, dando origem aos gigantes gasosos e gelados. Esta distribuição explica por que Mercúrio, Vénus, a Terra e Marte são rochosos, enquanto Júpiter e Saturno são principalmente gasosos.

As perturbações gravitacionais, como as causadas por um planeta massivo, podem criar anéis e lacunas no disco. Estas estruturas atuam como armadilhas de poeira, favorecendo a acreção de matéria e a formação de corpos maiores. Sem estes mecanismos, a matéria poderia ser aspirada pela estrela central ou dispersa no espaço, impedindo o nascimento de planetas estáveis.

O estudo destes discos em torno de outras estrelas, graças a observatórios como o ALMA, permite compreender melhor os processos universais de formação planetária. Cada sistema estelar tem a sua própria história, mas os princípios fundamentais permanecem os mesmos, ligando o nosso passado ao dos mundos distantes.

Os condritos e a sua importância para a história do Sistema Solar


Os condritos são um tipo de meteoritos primitivos que praticamente não evoluíram desde a sua formação, há mais de 4,5 mil milhões de anos. São considerados cápsulas do tempo, preservando a composição original da nebulosa solar. O seu nome vem das côndrulas, pequenas esferas de silicatos fundidos e recristalizados, que constituem uma parte importante da sua estrutura.

Estas côndrulas formaram-se durante eventos breves e intensos, provavelmente surtos de calor no disco protoplanetário. A sua análise química revela as condições de temperatura e pressão da época, assim como a presença de isótopos específicos. Os isótopos são átomos de um mesmo elemento com um número diferente de neutrões; as suas proporções variam consoante a origem da matéria e permitem traçar a sua história.

Os condritos são classificados em vários grupos, refletindo ambientes de formação distintos no Sistema Solar primitivo. Alguns provêm da região interna, rica em elementos refractários, enquanto outros vêm de zonas mais externas, contendo mais gelos e matérias orgânicas. Esta diversidade ajuda os cientistas a reconstituir a geografia do jovem Sistema Solar e os processos que levaram à acreção dos planetas.

A descoberta de condritos formados vários milhões de anos após os primeiros sólidos indica que a nebulosa solar passou por episódios de renovação ou perturbações. Estes meteoritos tardios trazem pistas sobre a influência dos planetas gigantes, como Júpiter, que podem ter prolongado o período de formação de pequenos corpos ao alterar a dinâmica do disco.
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