Mais microplásticos na água da torneira ou engarrafada? Surpresa à vista! 💧

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: PLOS Water
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
A água que bebemos, seja engarrafada ou da torneira, contém microplásticos tão pequenos que escapam das regulamentações atuais. Um estudo recente revela que essas partículas, muitas vezes menores que 20 mícrons, podem penetrar em nosso organismo, levantando questões sobre seus efeitos a longo prazo.


Imagem ilustrativa Pexels

Pesquisadores do CNRS e da Universidade de Toulouse analisaram a presença de microplásticos em dez marcas de água engarrafada e uma amostra de água da torneira. Seus resultados, publicados na revista PLOS Water, mostram que 98% dos microplásticos detectados medem menos de 20 mícrons, um tamanho crítico não coberto pelas normas europeias. Essas partículas, invisíveis, poderiam atravessar a barreira intestinal e atingir o sangue e os órgãos.

Concentrações variáveis de acordo com as marcas


Os pesquisadores observaram uma grande variabilidade nas concentrações de microplásticos, variando de 0,001 a 0,250 micrograma por litro. Essa disparidade sugere que a escolha da marca influencia diretamente a exposição a esses poluentes. As garrafas de PET, frequentemente apontadas como culpadas, não parecem ser a principal fonte de contaminação.

O estudo destaca que os microplásticos detectados provavelmente vêm dos processos de tratamento e distribuição da água. As partículas identificadas incluem polietileno, polipropileno e poliamida, polímeros comumente usados na indústria.

Um método de detecção inovador


Graças à microespectroscopia Raman, os cientistas conseguiram identificar partículas de 1 mícron. Esse avanço técnico abre caminho para uma melhor compreensão da contaminação por plásticos. Os autores defendem uma revisão das normas europeias para incluir esses microplásticos de pequeno tamanho, considerados mais perigosos para a saúde.

O método permite analisar amostras a um custo razoável, o que poderia facilitar sua adoção por industriais e reguladores. Ele também oferece uma resolução melhor do que as técnicas atuais, limitadas a partículas maiores que 20 mícrons.

A água da torneira também está envolvida


O estudo revela que a água da torneira da cidade de Toulouse contém mais microplásticos do que algumas águas engarrafadas. Essa contaminação estaria ligada ao tratamento da água, principalmente a partir do rio Garonne. Os processos de filtração e distribuição parecem desempenhar um papel fundamental na introdução dessas partículas.

Os pesquisadores identificaram 0,096 micrograma de microplásticos por litro na água da torneira, uma concentração mais alta do que em 8 das 10 marcas de água engarrafada estudadas. Isso mostra que as fontes de contaminação são múltiplas.

Implicações sanitárias ainda incertas


Embora os microplásticos estejam por toda parte, seus efeitos sobre a saúde ainda são pouco compreendidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que as partículas menores que 10 mícrons são as mais preocupantes. Os pesquisadores pedem mais estudos para avaliar os riscos reais e adaptar as regulamentações de acordo.

Os microplásticos poderiam atravessar a barreira intestinal e atingir o sistema circulatório, ou até mesmo os órgãos. No entanto, os estudos atuais ainda não permitem provar uma ligação direta entre sua ingestão e patologias específicas.

Rumo a uma melhor regulamentação


Os resultados deste estudo poderiam incentivar as autoridades a revisar as normas de qualidade da água. Os cientistas esperam que a indústria e as instituições utilizem esses dados para limitar a contaminação na fonte. Uma melhor detecção de microplásticos finos é essencial para proteger a saúde pública.

A Comissão Europeia propõe atualmente avaliar a contaminação por plásticos a partir de 20 mícrons. Os autores do estudo defendem uma revisão desse limite, para incluir partículas de 1 a 20 mícrons, consideradas mais perigosas.

Para ir mais longe: O que é a microespectroscopia Raman?


A microespectroscopia Raman é uma técnica de análise que permite identificar a composição química dos materiais em escala microscópica. Ela se baseia na interação entre a luz laser e as moléculas de uma amostra, produzindo uma assinatura única chamada espectro Raman. Esse método é particularmente útil para estudar partículas invisíveis a olho nu, como os microplásticos.

Ao contrário de outras técnicas, a microespectroscopia Raman oferece uma alta resolução espacial, permitindo detectar partículas menores que 1 mícron. Ela é não destrutiva, o que significa que a amostra permanece intacta após a análise. Isso a torna uma ferramenta valiosa para a pesquisa científica e aplicações industriais.

No campo dos microplásticos, esse método permitiu identificar partículas muito pequenas, que escapam das técnicas tradicionais. Ele revelou que 98% dos microplásticos na água potável medem menos de 20 mícrons, uma descoberta crucial para revisar as normas de detecção e regulamentação.

A microespectroscopia Raman também é usada em outros campos, como biologia, medicina e ciência dos materiais. Sua adoção crescente poderia revolucionar a maneira como estudamos e gerenciamos poluentes microscópicos, abrindo caminho para soluções mais eficazes para proteger o meio ambiente e a saúde humana.
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