Origem da COVID-19: um novo animal na mira

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Cell
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Os mistérios que cercam as origens da Covid-19 continuam intrigando os cientistas. Um estudo recente revela novas informações sobre o mercado de Wuhan, apontado desde o início.

As espécies animais presentes nesse mercado no final de 2019 podem ser a chave. Dados genéticos revelam uma conexão perturbadora com o vírus da Covid-19. E o alvo já não é necessariamente o pangolim.


Imagem Wikimedia

Amostras foram colhidas após o fechamento do mercado de Wuhan. Os resultados mostram a co-presença de material genético do SARS-CoV-2 e de algumas espécies selvagens, como cães-guaxinim e civetas. Esses animais já foram associados a epidemias similares no passado.

Essas descobertas baseiam-se em sequenciamentos genéticos, permitindo analisar os organismos presentes em cada amostra. Este método, chamado meta-transcriptômico, também identificou outros vírus zoonóticos no mercado, aumentando as preocupações sobre futuras pandemias.

O cão-guaxinim, em particular, pode desempenhar um papel na transmissão do vírus para humanos. Testes confirmaram que este animal, presente nas barracas de Wuhan, carregava o vírus.

Pesquisadores também analisaram os primeiros genomas virais dos pacientes infectados pela Covid-19. Os resultados mostram uma diversidade genética semelhante entre as amostras do mercado e os primeiros casos humanos.

Este estudo reforça a hipótese de que o mercado de Wuhan tenha sido o ponto de partida da pandemia. Ele também destaca a urgência de regular o comércio de animais vivos, a fim de evitar possíveis crises sanitárias.

Mercados urbanos densamente povoados, onde são vendidos animais selvagens, apresentam um alto risco. Os cientistas apelam por uma vigilância para evitar novas catástrofes globais.

O que é uma zoonose e por que é importante para compreender pandemias?


Uma zoonose é uma doença infecciosa que é transmitida de animais para humanos. Essas infecções são causadas por agentes patogênicos (vírus, bactérias, parasitas) hospedados por espécies animais e que, ocasionalmente, ultrapassam a barreira das espécies para infectar humanos.

As zoonoses são fundamentais na emergência das pandemias. O SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, é um exemplo notável, com indícios sugerindo que o vírus passou de animais selvagens, via um hospedeiro intermediário, para humanos. A vigilância das interações entre animais e humanos é, portanto, essencial para prevenir futuras epidemias.

Algumas espécies, como os morcegos, naturalmente hospedam muitos vírus. Esses reservatórios naturais, quando interagem com animais intermediários ou humanos em condições específicas, aumentam o risco de transmissão. A venda de animais selvagens em mercados urbanos densamente frequentados, como o de Wuhan, ilustra esse alto risco de propagação.

Como a técnica "meta-transcriptômica" ajuda a identificar vírus em um mercado?


A meta-transcriptômica é uma técnica de análise genética que permite sequenciar o RNA de todos os organismos presentes em uma amostra. Isso inclui vírus, bactérias, animais, plantas e até mesmo humanos. Ela é usada para identificar com precisão as espécies presentes em um determinado ambiente.

No estudo sobre o mercado de Wuhan, esse método permitiu aos pesquisadores analisar as amostras colhidas nas barracas. Ao sequenciar o RNA, foi possível detectar a presença de material genético do SARS-CoV-2, bem como de diferentes animais, sugerindo uma coabitação entre esses vírus e algumas espécies animais.

A meta-transcriptômica é, portanto, uma ferramenta poderosa para compreender as interações entre espécies e identificar patógenos em tempo real, sem a necessidade de culturas específicas. Esta técnica permite uma análise rápida e precisa de ambientes complexos, como mercados onde animais selvagens são vendidos.

Por que o cão-guaxinim é um suspeito-chave na origem da Covid-19?


O cão-guaxinim é uma espécie selvagem frequentemente vendida em mercados chineses, inclusive no de Wuhan. Ele é conhecido por ser um potencial portador de vírus como o SARS-CoV-2, já que pode ser infectado por este e transmiti-lo a outros animais ou a humanos.


Imagem Wikimedia

Amostras colhidas no mercado de Wuhan revelaram a presença de DNA do cão-guaxinim, coabitando com o material genético do vírus SARS-CoV-2. Esses indícios sugerem que esse animal pode ter servido como hospedeiro intermediário, facilitando a transmissão do vírus dos morcegos para os humanos.

Devido a essa capacidade de abrigar e transmitir o vírus, o cão-guaxinim é considerado um ator central no surgimento da Covid-19. Seu papel potencial ressalta a importância de monitorar as interações entre seres humanos e a fauna selvagem nos mercados.
Página gerada em 0.175 segundo(s) - hospedado por Contabo
Sobre - Aviso Legal - Contato
Versão francesa | Versão inglesa | Versão alemã | Versão espanhola