As partículas mais rápidas que a luz, chamadas de táquions, foram por muito tempo consideradas uma curiosidade teórica incompatível com a relatividade restrita. Um novo estudo pode mudar essa percepção.
Físicos das universidades de Varsóvia e Oxford demonstraram que os preconceitos contra os táquions eram infundados. Na verdade, essas partículas hipotéticas nos oferecem uma melhor compreensão da estrutura causal da relatividade.
A ideia de movimentos além da velocidade da luz (supralumínicos) é um dos assuntos mais controversos da física. Os táquions, derivados do grego
tachýs que significa rápido, eram percebidos como entidades incompatíveis com a teoria da relatividade restrita.
As principais objeções à existência dos táquions incluíam a suposta instabilidade de seu estado fundamental, o que teria levado à formação de "avalanche" de partículas supralumínicas. Além disso, pensava-se que o número de partículas observadas dependia do observador, o que é incompatível com a física clássica onde o número de partículas deve permanecer constante. Finalmente, a possibilidade de que essas partículas possuíssem energias negativas constituía um obstáculo maior à sua aceitação no quadro da teoria quântica.
Um grupo de pesquisadores, incluindo Jerzy Paczos e Kacper Dębski, descobriu que esses problemas decorriam de condições de contorno incompletas nas teorias anteriores. Integrar o estado final do sistema, além de seu estado inicial, resolveu essas dificuldades, tornando a teoria dos táquions coerente.
Andrzej Dragan, um dos autores, explica que essa nova abordagem permite considerar a influência do futuro no presente, um conceito já existente, mas raramente aplicado na física quântica. Isso permitiu expandir o espaço dos estados e integrar os táquions.
Os pesquisadores também preveem o aparecimento de um novo tipo de emaranhamento quântico envolvendo passado e futuro, uma consequência da ampliação das condições de contorno. Isso levanta a questão da observação potencial dos táquions no futuro.
Segundo a hipótese dos autores, os táquions desempenham um papel crucial no processo de quebra espontânea de simetria, relacionado à formação da matéria. As excitações do campo de Higgs poderiam ter viajado a velocidades supralumínicas antes da quebra de simetria.