📢 Por que alguns sons nos acordam, e outros não?

Publicado por Adrien,
Fonte: Universidade de Genebra
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Durante o sono, o cérebro deve alcançar um equilíbrio delicado: uma desconexão sensorial suficiente para regular suas funções, mantendo-se alerta o bastante para despertar em caso de perigo.

Uma vez nesse estado, como ele filtra os estímulos externos, especialmente os sons? Cientistas da Universidade de Genebra (UNIGE) e do Instituto Pasteur analisaram a resposta cerebral a sons considerados "ásperos", como gritos ou alarmes.


A equipe descobriu que esses sons são processados sistematicamente, diferentemente de outros, e geram uma onda cerebral específica. Esses resultados, publicados na revista Scientific Reports, ajudam a compreender melhor certos distúrbios de percepção, como a hiperacusia — hipersensibilidade e/ou intolerância a certos sons —, além do impacto de estímulos auditivos noturnos no funcionamento cerebral.

A aspereza é uma característica acústica definida por modulações rápidas da intensidade sonora, entre 40 e 100 vezes por segundo. "Ao contrário da fala, cujo ritmo silábico varia entre 4 e 8 Hz, sons ásperos bombardeiam o sistema auditivo em alta frequência, criando uma sensação de estridente muitas vezes desagradável", explica Luc Arnal, pesquisador do Instituto Pasteur e coautor do estudo.

"Essa propriedade, típica de alarmes sonoros, mas também de gritos humanos e choro de bebês, é justamente o que os torna eficazes: captam automaticamente nossa atenção para sinalizar perigo iminente." Esses sons ativam diretamente a amígdala, região cerebral envolvida em reações emocionais e atenção.

É essencial decifrar como os sons afetam a atividade cerebral durante o sono e, consequentemente, a saúde física e mental de cada um de nós.

Diferentes sons testados durante o sono


Se o efeito da aspereza sonora no cérebro em estado de vigília já é bem estudado, o que ocorre durante o sono ainda era pouco conhecido. "Nossas investigações são cruciais não apenas para entender patologias como a hiperacusia, mas também para descrever o impacto sério do ambiente sonoro na saúde, especialmente à noite", destaca Sophie Schwartz, professora do Departamento de Neurociências Fundamentais da Faculdade de Medicina da UNIGE e codiretora do estudo.

Neurocientistas recrutaram 17 voluntários que dormiram em salas equipadas para medir sua atividade cerebral durante o sono por eletroencefalograma (EEG). "Reproduzimos vários tipos de gritos e 'falsos gritos' humanos em volume baixo, variando altura e aspereza, para provocar reação cerebral sem despertar", detalha Guillaume Legendre, pesquisador da equipe e primeiro autor do estudo. "Foi a aspereza dos sons que ativou os sistemas de alerta do cérebro, independentemente de serem agudos ou graves."

A equipe também observou dois fenômenos: primeiro, sons ásperos sempre desencadeiam resposta cerebral, ao contrário de outros sons; segundo, a aspereza está correlacionada com o aumento da potência dos fusos de sono (spindles). "São ondas cerebrais breves geradas em resposta a perturbações, como estímulos auditivos durante o sono", explica Legendre.

Desencadeadores de emoções intensas


"A aspereza sonora é rara no ambiente, reservada a mensagens de emergência em humanos e animais", observa Luc Arnal. "Porém, a superexposição a essas frequências pode desencadear reações emocionais extremamente variáveis, inclusive irracionais ou potencialmente violentas."

Mais amplamente, o estudo ajuda a caracterizar circuitos emocionais ligados a sons envolvidos em patologias psiquiátricas ou neurológicas: hiperacusia, zumbidos, epilepsia e até Alzheimer, onde pacientes podem apresentar anormalidades no processamento auditivo.

"Além disso, vivemos em ambientes cada vez mais barulhentos, especialmente em áreas urbanas. Nesse contexto, é vital entender como os sons afetam a atividade cerebral durante o sono e, consequentemente, nossa saúde física e mental", conclui Sophie Schwartz.
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