Por que nos importamos tanto com o que os outros pensam de nós? 🧠

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science Advances
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Um simples olhar, uma frase fora de lugar, e eis que nossa mente fica presa em conjecturas intermináveis. Por que revisamos tantas vezes o que os outros poderiam estar pensando sobre nós? Um estudo recente revela um protagonista chave por trás dessa mecânica: a amígdala.


Localizada profundamente no cérebro, a amígdala é conhecida por gerenciar o medo e as ameaças. No entanto, pesquisadores da Northwestern University demonstraram que ela mantém um diálogo constante com regiões mais evoluídas do cérebro, aquelas que orquestram nossas interações sociais. Esse vínculo íntimo explicaria por que gastamos tanto tempo imaginando os pensamentos e julgamentos dos outros.

Esse mecanismo baseia-se na rede cognitiva social, uma estrutura cerebral desenvolvida relativamente tarde na evolução humana. Essa evolução teria permitido aos humanos navegarem em sociedades. A amígdala, por outro lado, representa uma região muito mais antiga, apelidada de "cérebro reptiliano", e permanece vinculada a comportamentos sociais primários como a parentalidade ou as dinâmicas de dominância.

Ao combinar esses dois mundos, a amígdala adiciona uma dimensão emocional essencial às nossas reflexões sociais. Os pesquisadores descobriram uma conexão constante entre o núcleo medial da amígdala e as regiões do cérebro envolvidas na interpretação das intenções alheias.

Esses resultados só foram possíveis graças a dados de imagens por ressonância magnética funcional (fMRI) de altíssima resolução. Pela primeira vez, os cientistas puderam mapear detalhadamente essa rede. Esse trabalho destacou áreas até então invisíveis, desempenhando um papel crucial na elaboração de nossas ruminações.

Embora naturais, essas ruminações podem se tornar problemáticas para algumas pessoas. Quando a amígdala se torna hiperativa, ela desencadeia respostas emocionais desproporcionais, contribuindo para transtornos como ansiedade ou depressão. Essa hiperatividade é particularmente difícil de tratar devido à localização profunda dessa estrutura cerebral.

Os resultados deste estudo oferecem, no entanto, perspectivas promissoras. A estimulação magnética transcraniana (TMS), uma técnica não invasiva, poderia direcionar as regiões da rede cognitiva social conectadas à amígdala, evitando assim uma intervenção cirúrgica direta.

Embora essas inovações ainda sejam experimentais, elas abrem caminho para compreender e tratar os desvios emocionais relacionados a esse mecanismo cerebral. Talvez, uma maneira de libertar nossas mentes desses pensamentos intrusivos que, às vezes, nos assombram sem trégua.

O que é a ruminação social?


A ruminação social refere-se a uma tendência de se concentrar excessivamente nas ações ou palavras de outras pessoas, geralmente após interações sociais. Isso envolve questionar o que os outros pensaram de si, muitas vezes de forma repetitiva. Esse fenômeno se manifesta como pensamentos intrusivos que surgem após um encontro, por exemplo, perguntando-se se causou uma boa impressão ou se disse algo inadequado.

O cérebro desempenha um papel fundamental nesse processo. De fato, a pesquisa mostra que a parte considerada "recente" do cérebro, responsável pelas interações sociais, está constantemente conectada à amígdala, uma estrutura mais antiga, ligada às emoções e à gestão de ameaças. Essa conexão pode explicar por que a ruminação social é tão frequente e difícil de interromper, já que a amígdala influencia nossa percepção emocional das interações sociais.

Por fim, essa dinâmica entre o cérebro social e a amígdala pode ter implicações para a saúde mental. Os pesquisadores sugerem que a hiperatividade da amígdala pode contribuir para transtornos como ansiedade ou depressão. Técnicas como a estimulação magnética transcraniana (TMS) poderiam, no longo prazo, regular essa atividade cerebral excessiva, oferecendo opções para tratar esses transtornos.
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