As galáxias anãs frequentemente parecem se alinhar misteriosamente ao redor de suas galáxias hospedeiras. Um novo estudo propõe uma explicação inédita.
Galáxias como a Via Láctea são cercadas por dezenas de galáxias anãs, cujas posições não são aleatórias. Essas galáxias satélites frequentemente formam planos coerentes, um fenômeno observado desde os anos 1970, mas que permaneceu sem uma explicação satisfatória até agora.
As simulações computacionais tradicionais tinham dificuldade em reproduzir esses alinhamentos. Uma equipe de pesquisadores desenvolveu, portanto, modelos mais sofisticados, integrando com precisão os fluxos de matéria escura e gás ao longo de bilhões de anos. Seus resultados finalmente esclarecem esse mistério.
Os filamentos cósmicos, verdadeiras rodovias de matéria, desempenham um papel fundamental. Quando interagem, eles podem travar as galáxias anãs em um plano comum. Dois mecanismos principais foram identificados: o 'zipper' e o 'twister', que estabilizam ou modificam, respectivamente, a orientação do plano.
Essa descoberta resolve uma grande contradição entre teoria e observações. Os pesquisadores estimam que 50 a 70% das galáxias semelhantes à Via Láctea e Andrômeda devem apresentar esses alinhamentos de galáxias satélites, em perfeito acordo com os dados atuais.
As implicações vão além da simples compreensão das galáxias anãs. Esses trabalhos também oferecem pistas valiosas sobre o comportamento da matéria escura, essa componente invisível que estrutura o Universo em grande escala.
O telescópio James Webb poderá em breve trazer novas confirmações. Suas observações das galáxias primordiais permitirão testar se esses mecanismos já operavam no Universo jovem, abrindo uma nova janela para a história cósmica.
Como a matéria escura influencia a formação das galáxias?
A matéria escura constitui cerca de 85% da matéria total do Universo. Embora invisível, ela age como um esqueleto gravitacional, guiando a formação das estruturas cósmicas.
As simulações mostram que a matéria escura forma primeiro um 'halo' ao redor das futuras galáxias. Esse halo atrai progressivamente o gás ordinário, que acaba se condensando em estrelas e galáxias visíveis.
A distribuição da matéria escura determina, portanto, diretamente a arquitetura das galáxias e de seus satélites. Os novos modelos integram melhor essa influência, explicando finalmente os alinhamentos observados.
Esses avanços confirmam o papel central da matéria escura na evolução cósmica, ao mesmo tempo que abrem caminhos para entender melhor suas propriedades fundamentais.
O que as galáxias anãs nos ensinam sobre o Universo primordial?
As galáxias anãs são consideradas fósseis cósmicos, preservando informações-chave sobre as primeiras fases do Universo. Seu estudo permite retroceder no tempo cósmico.
Ao contrário das grandes galáxias, muitas anãs passaram por poucas fusões importantes. Suas estrelas antigas e baixa metalicidade as tornam testemunhas privilegiadas das condições iniciais.
Os alinhamentos de galáxias anãs também revelam como a matéria se agrupou no Universo jovem. Os filamentos primordiais, agora visíveis indiretamente graças a essas estruturas, traçam o andaime cósmico original.