A privação de sono para tratar a insônia?

Publicado por Adrien,
Fonte: Universidade Laval
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Seria possível um dia tratar a insônia recorrendo à privação de sono? Essa abordagem pode parecer contra-intuitiva, mas estaria produzindo resultados encorajadores em algumas pessoas que sofrem de insônia crônica, relata uma equipe da Universidade Laval e do Centro de Pesquisa CERVO no Journal of Sleep Research.


Atualmente, o melhor tratamento não farmacológico para insônia crônica é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Trata-se de uma abordagem que visa mudar padrões de pensamento e comportamentos que prejudicam o sono. "É isso que deveria ser prescrito como primeira intervenção. Cerca de 70% a 80% das pessoas que seguem essa terapia experimentam uma melhora significativa na qualidade do sono e no funcionamento durante o dia", comenta Jacques Le Bouthillier, doutorando na Escola de Psicologia da Universidade Laval e primeiro autor do artigo publicado no Journal of Sleep Research.

Foi na esperança de encontrar uma solução para pessoas que não respondem à TCC para insônia que Jacques Le Bouthillier, Hans Ivers e Charles Morin conduziram um estudo exploratório para testar a eficácia de 2 intervenções baseadas na privação de sono.

Para testar essas abordagens, os pesquisadores convidaram para seu laboratório 34 adultos que enfrentavam, em média há quase 10 anos, problemas para adormecer. Esses participantes foram aleatoriamente designados para uma das seguintes intervenções: privação contínua de sono (12 pessoas), privação de sono com adormecimentos repetidos (12 pessoas) ou grupo controle sem intervenção (10 pessoas).

A primeira intervenção, como o nome sugere, consiste em submeter os participantes a um período de vigília contínua de cerca de 38 horas. A segunda intervenção, chamada retreinamento intensivo do sono, tem a mesma duração, mas inclui uma variação. "Durante as últimas 21 horas, 2 vezes por hora, pedimos aos participantes que fossem para a cama e deixassem o sono vir", explica Jacques Le Bouthillier. "Se adormecessem, o que ocorreu em 96% das tentativas, nós os acordávamos após 2 a 4 minutos."

Essa abordagem, devidamente aprovada por um comitê de ética, não é tão dura quanto pode parecer, destaca o doutorando. Por um lado, não houve desistências entre os participantes submetidos à privação de sono, ele observa. Por outro lado, sentir sonolência pode ser terapêutico para pessoas que sofrem de insônia crônica.

O acompanhamento realizado durante 3 meses mostra uma redução significativa na gravidade da insônia e da fadiga nos participantes submetidos a uma sessão de privação de sono, com ou sem adormecimentos. Assim, 3 meses após a intervenção, 25% dos participantes do grupo de privação total de sono e 33% do grupo de privação de sono com adormecimentos apresentavam uma redução no índice de gravidade de pelo menos 8 pontos em relação ao escore pré-intervenção.

"Uma mudança de mais de 7 pontos é considerada clinicamente significativa. Não sabemos se esse efeito se manteve além de 3 meses porque o estudo precisava terminar nesse momento", esclarece Jacques Le Bouthillier.

O doutorando reconhece desde já que o número de participantes incluídos no estudo é muito pequeno para tirar conclusões definitivas sobre a eficácia clínica da privação de sono contra a insônia crônica. "No entanto, nossos resultados, embora preliminares, são encorajadores e sugerem que vale a pena continuar os trabalhos nessa direção. O caráter de choque e rápido da privação de sono a tornaria uma opção interessante para pessoas que não respondem à TCC para insônia e que não querem consumir hipnóticos."
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