🌡️ O aquecimento global começou muito antes do que se pensa

Publicado por Redbran,
Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences
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No século XIX, o céu já apresentava as marcas da nossa era industrial. Muito antes dos motores a gasolina, a atmosfera registrava silenciosamente os primeiros sinais de um aquecimento provocado pela atividade humana.

Longe das chaminés das fábricas e do barulho das máquinas, foi nas camadas mais altas da atmosfera que o fenômeno primeiro se revelou. Ao se concentrarem na estratosfera, pesquisadores identificaram uma pegada térmica incomum, revelando um resfriamento onde se esperaria estabilidade.

Esta anomalia revela o efeito dos gases de efeito estufa, abaixo da estratosfera, retendo o calor nas camadas inferiores da atmosfera.


Paisagem industrial em 1840 com fábrica, embarcações à beira d'água, fumaças de fábrica.
Imagem Wikimedia

Uma equipe liderada por Ben Santer, do Woods Hole Oceanographic Institution, combinou observações modernas, modelos climáticos de alta precisão e leis físicas estabelecidas. O objetivo? Descobrir a partir de quando a influência humana no clima teria sido detectável se as ferramentas atuais existissem na época.

Os modelos revelam que já em 1885, uma década antes do primeiro carro a gasolina, um sinal claro de resfriamento estratosférico poderia ter sido identificado. Este período corresponde a um aumento relativamente modesto do dióxido de carbono, estimado em 10 partes por milhão entre 1860 e 1899.

É este contraste entre a estratosfera que esfria e a troposfera que aquece que constitui uma assinatura única da ação humana. Vulcões ou variações solares, por sua vez, afetam a atmosfera de maneira diferente.

Para Susan Solomon, coautora do estudo, esta descoberta redefine a linha do tempo do aquecimento. Mostra que os primeiros traços do nosso impacto não aparecem apenas na superfície, como se pensava até agora, mas muito mais alto, mais cedo e mais claramente.

Andrea Steiner, climatologista na Áustria, enfatiza o papel das camadas atmosféricas superiores como indicadores precoces. Estes dados poderiam até permitir avaliar a eficácia das políticas de redução de emissões futuras.

Mas estes resultados surgem quando cortes orçamentários ameaçam as missões de monitoramento atmosférico. A eliminação de ferramentas por algumas agências americanas, como a NOAA ou a NASA, preocupa profundamente os cientistas.

Ben Santer alerta: perder a capacidade de medir as mudanças climáticas nos torna coletivamente mais vulneráveis. Monitorar a atmosfera é verificar o pulso de um planeta em transformação.
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