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O início das desigualdades em matemática entre meninas e meninos
Publicado por Adrien, Fonte: Inserm Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Um estudo publicado em 11 de junho de 2025 na Nature e realizado com quase 3 milhões de crianças escolarizadas na França entre 2018 e 2022, coordenado por Stanislas Dehaene, professor do Collège de France, e pela Dra. Pauline Martinot, médica e neurocientista no âmbito de uma tese financiada pelo Inserm, envolvendo cientistas do CNRS, revela que meninas e meninos têm o mesmo desempenho em matemática no início do CP (curso preparatório), mas que uma diferença se acentua muito rapidamente após esse início da escolaridade em favor dos meninos.
Imagem ilustrativa Pixabay
A rapidez com que essa diferença se forma sugere que não é uma lenta absorção de estereótipos ao longo dos anos que está na sua origem, mas sim a entrada no ensino fundamental, que marca o início de um ensino formal de matemática. Essa constatação deverá ajudar a esclarecer novas alavancas de ação: ao identificar precisamente o ensino da matemática como um ponto de virada na construção das desigualdades, ajuda-se a especificar os meios de agir para preveni-las e assim reduzir de forma duradoura as diferenças entre meninas e meninos nessa disciplina.
Publicada este mês na revista científica Nature, essa pesquisa francesa constitui uma primeira mundial pela sua amplitude e pela riqueza dos dados mobilizados.
A escola, um lugar chave onde as diferenças se acentuam
Graças a uma comparação minuciosa entre as coortes escolares - incluindo aquelas afetadas pelo fechamento das escolas durante a crise da Covid - os cientistas mostram que as diferenças entre meninas e meninos se acentuam já nos primeiros meses de entrada no CP. Esse efeito é observado em todos os departamentos do país, em todos os meios e em todos os tipos de escolas. É particularmente pronunciado entre as meninas provenientes de famílias favorecidas.
O estudo mostra que não é a idade da criança (portanto, nem a maturação do sistema nervoso nem a acumulação de estereótipos de gênero ao longo do tempo) que determina o aparecimento das diferenças, mas sim o momento em que a criança entra no ambiente de aprendizagem estruturado que é o ensino fundamental. A idade tem até um leve efeito protetor em relação ao desenvolvimento dessas diferenças.
A análise também mostra que as meninas estão mais adiantadas na área da linguagem, mas que não é por essa razão que elas abandonam a matemática. De fato, mesmo entre pares de meninos e meninas que tinham exatamente os mesmos resultados em tudo, inclusive em linguagem, no início do CP, as diferenças sempre aparecem após 4 meses de escola.
Os cientistas também aproveitaram os dados adquiridos durante a pandemia de Covid-19. Naquele ano, as crianças foram menos expostas à escola, e as diferenças entre meninos e meninas em matemática diminuíram em relação aos outros anos.
Fato notável: as competências em linguagem não apresentam essas disparidades. As meninas estão à frente dos meninos na maioria dos testes de linguagem. Essas diferenças já existiam antes da entrada na escola, reduzem-se um pouco durante o ano do CP, mas permanecem bem estabelecidas no início do CE1 (curso elementar 1) e têm uma diferença quase idêntica de acordo com o contexto socioeconômico da família da criança.
Outras pesquisas sugerem que a vantagem das meninas para a linguagem ou a socialização está presente na educação infantil e poderia ter origem biológica. Isso destaca, em contrapartida, a especificidade da relação meninas-meninos com a matemática e a responsabilidade coletiva de responder a isso.
Uma colaboração internacional
Esse estudo é fruto de uma colaboração internacional com vários institutos de pesquisa (Inserm, CNRS, CEA, INRIA, Instituto de Políticas Públicas, Paris School of Economics, Universidade Paris Saclay, Universidade Paris Cité, Universidade Grenoble Alpes, Universidade Aix-Marseille, Universidade Harvard), realizada sob o impulso inicial do Conselho Científico da Educação Nacional, em ligação com pesquisadores em ciências cognitivas, em matemática e inteligência artificial, em educação, em economia e em psicologia social e do desenvolvimento.
Ele evidencia o potencial da pesquisa científica aplicada para esclarecer as políticas educacionais e ilustra como a pesquisa francesa, apoiando-se em avaliações nacionais massivas e rigorosas, pode contribuir para compreender melhor os mecanismos de aprendizagem e reduzir as desigualdades desde a mais tenra idade.