Todos os verões, a Terra oferece um espetáculo celeste natural: a chuva de meteoros das Perseidas. Este evento ocorre quando o nosso planeta atravessa uma vasta nuvem de poeira deixada pelo cometa Swift-Tuttle ao longo das suas passagens em torno do Sol. Essas partículas, por vezes com séculos de idade, viajam pelo espaço até cruzarem a nossa trajetória, transformando o céu noturno numa tela pontilhada de riscos luminosos fugazes.
Em 2025, o espetáculo será especialmente aguardado na noite de 12 para 13 de agosto. É nesse momento que a Terra mergulhará na região mais densa do enxame, prometendo o maior número de estrelas cadentes visíveis. Este pico ocorre todos os anos aproximadamente na mesma época, mas as condições de observação variam muito consoante o clima, a poluição luminosa e a fase da Lua.
As Perseidas devem o seu nome à constelação de Perseu, onde se encontra o "radiante", o ponto do céu de onde parecem originar-se os meteoros. Na realidade, esses rastos luminosos não têm nada a ver com estrelas. São causados por fragmentos minúsculos, por vezes menores do que um grão de areia, que penetram na atmosfera terrestre a uma velocidade vertiginosa de cerca de 60 quilómetros por segundo. O atrito com o ar aquece-os a milhares de graus, vaporizando-os quase instantaneamente e produzindo essa luz breve mas intensa.
No entanto, este ano, um obstáculo significativo poderá reduzir o número de meteoros visíveis: a Lua. Quase cheia apenas três dias após o seu apogeu luminoso de 9 de agosto, ela permanecerá muito brilhante e o seu fulgor apagará as estrelas cadentes mais discretas. Este fenómeno é bem conhecido dos astrónomos amadores: mesmo durante um pico intenso, um céu demasiado iluminado torna a caça aos meteoros mais difícil, especialmente para quem espera observar rastos longos.
Para maximizar as suas chances, os especialistas recomendam afastar-se das cidades para evitar a poluição luminosa, escolher um local com horizonte desimpedido e, se possível, esconder a Lua atrás de um obstáculo natural ou construção. Isso preservará a sua visão noturna e facilitará a deteção dos meteoros mais luminosos. Uma simples espreguiçadeira ou um cobertor no chão, um casaco para o frio da noite e um pouco de paciência são os ingredientes para uma observação bem-sucedida.
O momento mais favorável para a observação ocorre geralmente depois da meia-noite, quando a constelação de Perseu sobe mais alto no céu. Nessa altura, o radiante está melhor posicionado, aumentando a probabilidade de ver meteoros em todas as direções. Mesmo que este ano o brilho da Lua reduza o número de fenómenos visíveis, é possível esperar observar várias dezenas de belas estrelas cadentes por hora em boas condições.
O cometa Swift-Tuttle, fonte da chuva anual de estrelas cadentes das Perseidas, é visível nesta imagem em falsas cores captada pelo astrónomo Jim Scotti, a 24 de novembro de 1992, durante a última passagem próxima do cometa pela Terra. (Crédito da imagem: Imagens de Jim Scotti, Universidade do Arizona)
As Perseidas não são apenas um espetáculo estético: cada meteoro observado é um fragmento do passado, proveniente dos detritos deixados por Swift-Tuttle nas suas passagens anteriores, a última em 1992 e a próxima prevista para 2126. Este bailado celeste liga assim gerações e lembra-nos que o nosso planeta viaja num ambiente cósmico em constante movimento.
O fenómeno é conhecido desde a Antiguidade. Arquivos chineses mencionam chuvas de estrelas espetaculares desde o século IV, e os astrónomos medievais europeus viam frequentemente nelas sinais religiosos ou políticos. Hoje, as Perseidas tornaram-se um evento popular, seguido por milhões de pessoas em todo o mundo, muitas vezes acompanhado da tradição de "fazer um desejo" a cada meteoro avistado.
Mesmo atenuadas pelo brilho da Lua, as Perseidas de 2025 manterão o seu poder de maravilhar. Porque não é apenas o número de estrelas cadentes que conta, mas também a experiência: um céu de verão, a espera de um risco luminoso e essa sensação fugaz de pertencer à imensidão do cosmos. Talvez seja nessa simplicidade que reside a verdadeira magia do espetáculo.
Portanto, quer seja um entusiasta ou apenas um passeante noturno, a noite de 12 para 13 de agosto será a ocasião para levantar os olhos e deixar-se surpreender. Os meteoros são imprevisíveis, mas é precisamente essa dose de acaso que torna cada observação única.