Um espetáculo natural excecional foi imortalizado no Brasil: milhares de pequenos peixes empreendem uma ascensão vertical em paredes rochosas.
Observações recentes trouxeram à luz um comportamento pouco conhecido de uma espécie rara de peixe-gato. Cientistas brasileiros documentaram este fenómeno migratório singular, oferecendo novas perspetivas sobre a ecologia de espécies de pequeno porte.
Migração de peixes nas margens da cascata Sossego no rio Aquidauana, bacia do rio Paraguai, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. (a) Agregação de Rhyacoglanis paranensis (Pseudopimelodidae), (b) Hypostomus khimaera (seta vermelha) e Ancistrus sp. (seta branca) (Loricariidae) a subir a corrente no mesmo local com milhares de espécimes de R. paranensis. Crédito: Journal of Fish Biology (2025).
Um fenómeno inédito observado
Militares reportaram inicialmente esta aglomeração massiva de peixes-gato. O evento ocorreu em novembro de 2024 no rio Aquidauana, no Estado do Mato Grosso do Sul.
A equipa de investigação confirmou a presença de milhares de espécimes de Rhyacoglanis paranensis. Esta agregação representa a primeira observação documentada deste tipo para esta espécie.
O comportamento de escalada era também totalmente desconhecido até então. Os peixes progrediam lentamente rio acima formando agrupamentos significativos.
Os segredos de uma ascensão vertical
A escalada ocorria principalmente durante as horas crepusculares e noturnas. Durante o dia, os peixes escondiam-se sob as rochas para evitar o calor.
Os investigadores analisaram a técnica de progressão destes peixes-gato. Eles utilizam as suas barbatanas peitorais estendidas e movimentos laterais para avançar.
Um mecanismo de sucção parece ajudá-los a aderir às superfícies rochosas. Esta adaptação notável permite-lhes negociar paredes quase verticais.