🌊 Para onde vai a poluição plástica nos oceanos?

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Philosophical Transactions of the Royal Society A
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
A superfície do oceano mantém um traço persistente dos nossos resíduos plásticos. Mesmo se cessássemos toda a poluição hoje, estes resíduos persistiriam durante décadas, ou mesmo mais de um século. Esta realidade preocupante emerge de um recente estudo britânico que modela o destino dos polímeros em ambiente marinho.

Investigadores da Queen Mary University of London acabam de publicar uma simulação revelando a lenta viagem dos plásticos. Os seus trabalhos, publicados na Philosophical Transactions of the Royal Society A, formam o último capítulo de uma série dedicada ao destino a longo prazo dos microplásticos. Eles descrevem como os detritos flutuantes se fragmentam progressivamente antes de se afundarem nas profundezas.



O lento processo de degradação dos polímeros


O modelo concentra-se no comportamento de um fragmento de polietileno de 10 milímetros, representativo das poluições comuns. A sua degradação começa imediatamente sob a ação conjugada dos UV, da salinidade e da ação mecânica das ondas. A fragmentação opera uma transformação gradual da matéria, que perde cerca de 0,45% da sua massa a cada mês. Esta erosão lenta gera em cascata micropartículas cada vez mais numerosas.

Estes microplásticos recém-formados entram então num ciclo complexo de transporte vertical. O seu pequeno tamanho permite-lhes agregar-se à "neve marinha", esta chuva contínua de partículas orgânicas que desce em direção aos fundos oceânicos. No entanto, este processo não é linear nem definitivo, pois os agregados podem desfazer-se, libertando novamente os fragmentos de polímero que sobem em direção à superfície.

A investigação demonstra que esta transformação é o fator limitante na eliminação natural dos plásticos. Mesmo após 30 anos, cerca de dois terços da matéria original persistem sob a forma de microplásticos. A doutora Nan Wu, autora principal do estudo, salienta que esta lentidão de degradação mantém uma fonte constante de poluição, mesmo em caso de paragem imediata dos lançamentos.

O papel da neve marinha


A neve marinha funciona como uma esteira rolante natural encaminhando a matéria orgânica para os ecossistemas profundos. Os trabalhos publicados mostram que ela captura preferencialmente os microplásticos inferiores a 75 micrómetros. Esta interação física depende do tamanho e da densidade dos fragmentos, criando um mecanismo de triagem sofisticado entre as diferentes camadas oceânicas.

Este transporte conhece múltiplas interrupções e retomas. Os agregados de neve marinha reformam-se e desagregam-se ao sabor das condições oceânicas, gerando idas e vindas dos microplásticos entre a superfície e as profundezas. Esta dinâmica explica porque apenas uma fração dos polímeros atinge finalmente os sedimentos marinhos após um processo tão longo.

À escala do século, cerca de 90% da massa plástica inicial encontra-se presa nos sedimentos dos fundos marinhos. A professora Kate Spencer, supervisora do projeto, insiste no carácter intergeracional desta poluição. A persistência dos 10% restantes à superfície mantém um reservatório ativo para as décadas futuras.

A modelação sugere também um risco de alteração da bomba biológica oceânica. O aumento contínuo das concentrações de microplásticos poderia, a longo prazo, perturbar os ciclos biogeoquímicos marinhos e o papel de sumidouro de carbono desempenhado pelos oceanos.
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