🧠 Câncer cerebral: às vezes o raio cai duas vezes no mesmo lugar

Publicado por Adrien,
Fonte: Universidade Laval
Outras LĂ­nguas: FR, EN, DE, ES
O Centro de Pesquisa sobre o Câncer da Universidade Laval organizou em 2025 sua 3ª competição de divulgação científica. Este texto é fruto do trabalho de uma das duas vencedoras, Nadine Morin, estudante de doutorado em biologia celular e molecular no laboratório do professor Marc-Étienne Huot.

Depois de enfrentar um primeiro câncer, sempre esperamos que o pior já tenha passado. No entanto, para pessoas com glioblastoma, um tumor cerebral muito agressivo, não é raro que a doença retorne após o primeiro tratamento. Este retorno da doença é o que chamamos de recidiva.


As descobertas realizadas abrem caminho para uma medicina capaz de intervir de forma mais precisa e mais precoce antes do surgimento de uma recidiva.
Ilustração Maude Royer

Recentemente, a atenção de nossa equipe de pesquisa voltou-se para a capacidade do primeiro tumor de produzir um mensageiro químico que poderia estar na origem do segundo episódio de câncer.

Assim como uma grande fábrica, o corpo funciona graças a uma infinidade de operários: as células. Todas compartilham as mesmas instruções, o código genético. Nos cânceres, frequentemente ocorrem várias anomalias, chamadas mutações, no código genético das células que compõem o tumor. No início, esses erros são muito pequenos e pouco frequentes, dificilmente detectáveis. É somente depois que essas anomalias se acumulam que os primeiros sintomas se manifestam e um diagnóstico de câncer pode ser feito.

No caso dos glioblastomas, essa mutação no código genético que ocorre nos primeiros estágios da doença tem o efeito de voltar a maquinaria da célula contra ela mesma para produzir uma forma alterada de uma molécula envolvida no bom funcionamento da célula. Essa forma alterada é chamada de 2-hidroxiglutarato (2HG). Esta versão modificada da molécula desencadeará uma série de reações que conferirão uma vantagem às células tumorais, permitindo-lhes, por exemplo, se dividir mais rapidamente, consumir energia de forma mais eficiente e favorecer a progressão do câncer.

No entanto, a forma alterada da molécula não se limita a agir dentro das células tumorais. Como um mensageiro, ela também circula no ambiente imediato do tumor, afetando células vizinhas, vasos sanguíneos e outros componentes do cérebro. O que acontece se essa mensagem for captada por células saudáveis fora do tumor? Ela então atua como uma preparadora do terreno.

Ao recriar a forma alterada da molécula em laboratório e avaliar seu efeito sobre as células saudáveis, fora do tumor, é possível comparar o que distingue as células expostas a esse mensageiro daquelas que não estão. Estudando essas diferenças, identificamos os processos que poderiam participar da recidiva.

Descobrimos que as células saudáveis dentro do alcance do mensageiro químico vão adquirir características que lhes permitem crescer mais rapidamente e de forma mais invasiva, ao mesmo tempo em que escapam dos radares dos tratamentos iniciais. Sem se tornarem propriamente cancerosas, essas células aparentemente saudáveis adquirem características de células tumorais e conservam uma marca dos efeitos do mensageiro químico, mesmo depois que o primeiro tumor é removido. É essa marca que serve como ponto de partida para a recidiva.

Compreender como esse mensageiro se propaga e qual assinatura ele deixa para trás permite traçar um melhor retrato da situação das recidivas. Essas descobertas abrem o caminho para uma medicina capaz de intervir de forma mais precisa e mais precoce, antes que o raio atinja novamente.
Página gerada em 0.142 segundo(s) - hospedado por Contabo
Sobre - Aviso Legal - Contato
VersĂŁo francesa | VersĂŁo inglesa | VersĂŁo alemĂŁ | VersĂŁo espanhola