👽 Vida extraterrestre em Ceres?

Publicado por Adrien,
Fonte: Science Advances
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Os dados da missão Dawn da NASA revelaram indícios surpreendentes. Manchas brilhantes na superfície do planeta anão Ceres, no cinturão de asteroides, são na realidade depósitos de sal, deixados por líquidos salgados que outrora emergiram de suas profundezas. Estas descobertas sugerem uma atividade geológica passada mais intensa do que o previsto.

Moléculas orgânicas foram detectadas no solo de Ceres, indicando a presença de ingredientes essenciais para a vida. Estes compostos carbonados são blocos fundamentais para os organismos vivos. Sua existência neste corpo celeste abre novas perspectivas.


Ceres, outrora considerada um mundo morto, pode ter abrigado condições propícias à vida.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA

Uma fonte de energia era necessária para sustentar possíveis formas de vida. Modelos computacionais mostram que a desintegração radioativa no núcleo rochoso de Ceres pode ter gerado calor há bilhões de anos. Este calor teria alimentado uma atividade hidrotermal, podendo criar ambientes propícios à vida.

Esta atividade hidrotermal poderia ter permitido a circulação de água líquida e a formação de nutrientes. Na Terra, fontes hidrotermais abrigam ecossistemas microbianos sem luz solar. Ceres poderia ter oferecido condições similares durante um período limitado.

Atualmente, Ceres é um mundo frio e gelado, com a maior parte de sua água em forma de gelo. Sua janela de habitabilidade provavelmente se fechou há muito tempo. No entanto, este estudo amplia nossa compreensão dos ambientes potencialmente habitáveis no Sistema Solar.

Outros corpos gelados de tamanho similar, como algumas luas de Urano e Saturno, podem ter seguido caminhos evolutivos comparáveis. Estes mundos podem ter abrigado oceanos temporários antes de congelar, oferecendo nichos para a vida microbiana no passado.


Representação do interior de Ceres mostrando fluxos de água e gás desde o núcleo.
Crédito: NASA/JPL-Caltech


O que é a atividade hidrotermal?


A atividade hidrotermal designa a circulação de água quente através das rochas, frequentemente devido a fontes de calor internas como radioatividade ou vulcanismo. Este processo pode dissolver minerais e transportar elementos químicos, criando ambientes ricos em nutrientes.

Na Terra, esta atividade é observada nas fontes termais submarinas, onde a água aquecida pelo magma sofre ressurgência e interage com o oceano. Estas zonas abrigam comunidades biológicas únicas que obtêm sua energia de reações químicas em vez da fotossíntese.

No caso de Ceres, o calor gerado pela desintegração radioativa em seu núcleo pode ter provocado tal circulação. A água líquida, em contato com rochas quentes, teria liberado gases e compostos orgânicos, potencialmente utilizáveis por micro-organismos.

Este mecanismo é primordial para a habitabilidade dos corpos celestes desprovidos de fontes de energia externas, como a luz solar. Ele mostra que a vida poderia emergir em ambientes isolados e obscuros, ampliando as zonas consideradas habitáveis no Universo.

Como a radioatividade influencia os planetas?


A radioatividade é um processo natural onde elementos instáveis, como o urânio ou o tório, se desintegram emitindo energia sob forma de calor. Este calor pode aquecer o interior dos planetas e outros corpos celestes, influenciando sua evolução geológica.

Nos planetas rochosos, esta energia térmica pode manter núcleos líquidos, gerar um campo magnético ou provocar atividade vulcânica. Para corpos pequenos como Ceres, pode ser suficiente para derreter o gelo e criar oceanos subterrâneos temporários.

A duração desta fonte de calor depende da quantidade de elementos radioativos presentes e de sua meia-vida. Em Ceres, os modelos indicam que este calor foi significativo durante aproximadamente 1,5 bilhão de anos, oferecendo uma janela prolongada para processos biológicos.

Compreender este papel ajuda a avaliar a habitabilidade passada de muitos objetos do Sistema Solar, desde asteroides até luas geladas, e orienta a busca por vida em outros lugares do Universo.
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