Para estudar como o veneno de cobra provoca hemorragias internas mortais, cientistas desenvolveram um "chip de vaso sanguíneo". Este dispositivo inovador também pode contribuir para a criação de novos antivenenos mais eficazes.
Imagem ilustrativa Pixabay
Este chip 3D integra células endoteliais humanas, as células que revestem os vasos sanguíneos, bem como uma matriz extracelular. A estrutura imita fielmente a forma e a composição celular dos microvasos humanos, permitindo observar o fluxo sanguíneo e as interações com o veneno.
Os pesquisadores usaram este chip para estudar os efeitos de diferentes venenos de cobra nos vasos sanguíneos. O estudo, publicado em Scientific Reports, revelou como alguns venenos danificam diretamente as membranas das células endoteliais, enquanto outros provocam a desintegração dessas células, resultando no colapso dos vasos.
Expondo este chip a venenos de cobra indiana, víbora do tapete da África Ocidental, krait de faixas múltiplas e cobra-cuspideira de Moçambique, a equipe utilizou técnicas de imagem especializadas para observar os danos causados. Os venenos das famílias de serpentes viperídeos e elapídeos mostraram-se particularmente destrutivos.
Esta reconstrução 3D mostra um vaso sanguíneo replicado atacado por veneno e colapsando. Crédito: Mátyás Bittenbinder
Este modelo fornece uma melhor compreensão dos mecanismos de ataque das toxinas, segundo Mátyás Bittenbinder, autor principal do estudo. Ele pode permitir o desenvolvimento de melhores tratamentos para picadas de cobra enquanto reduz a necessidade de experimentações em animais.
Picadas de cobras venenosas causam entre 81.000 e 138.000 mortes anuais no mundo. O tratamento mais eficaz ainda é o antiveneno, embora possam ocorrer reações alérgicas. A inovação do chip de vaso sanguíneo pode facilitar o desenvolvimento de novos antivenenos, ou até mesmo de um antiveneno universal.