A pista quântica da consciência ressurge mais uma vez. E se nossa consciência não fosse apenas uma questão de química cerebral?
Uma equipe de pesquisadores do Wellesley College descobriu que a anestesia, além de sua ação clássica, poderia ter efeito sobre os microtúbulos, estruturas proteicas presentes nos neurônios. Esses microtúbulos, essenciais para a estabilidade das células, também estariam envolvidos nos processos de consciência. Mas não é só isso.
O estudo mostra que quando ratos recebem um medicamento estabilizador desses microtúbulos, seu processo de entrada em anestesia se torna muito mais lento. Em média, são necessários 69 segundos a mais para que esses roedores percam a consciência sob um gás anestésico. Essa descoberta alimenta uma teoria surpreendente: a da consciência quântica.
Segundo essa hipótese, a consciência poderia surgir das vibrações quânticas dos microtúbulos, questionando os modelos clássicos da neurociência. Esses resultados publicados na
eNeuro reacendem o debate sobre a própria natureza da consciência.
Alguns pesquisadores sugerem que essa pista quântica poderia explicar por que certas substâncias, como o lítio, alteram o humor. Outros veem nela respostas potenciais para questões não resolvidas sobre a doença de Alzheimer ou até mesmo o coma.
Com relação à anestesia, sabe-se que ela provoca uma perda temporária de consciência ao bloquear certas funções cerebrais, no entanto, os mecanismos exatos dessa ação ainda não são bem compreendidos. Essa descoberta pode ajudar a entender melhor esse fenômeno. Além disso, para os autores, esses avanços são mais do que um simples esclarecimento sobre a anestesia: eles podem transformar profundamente nossa compreensão da relação entre o cérebro e a mente.
O Prof. Mike Wiest, responsável por essa pesquisa, acredita que essa teoria, se confirmada, abrirá uma nova era nas neurociências, uma era onde nossa mente seria vista como um fenômeno quântico.
O que é a consciência quântica?
A teoria da consciência quântica propõe que a mente humana não é apenas o resultado de processos químicos e elétricos no cérebro. Em vez disso, a consciência poderia emergir de fenômenos quânticos, semelhantes aos observados nas partículas subatômicas. Esses processos ocorreriam dentro de estruturas microscópicas, como os microtúbulos.
Os microtúbulos são estruturas em forma de tubo presentes em todas as células, incluindo os neurônios. Eles desempenham um papel importante no transporte intracelular e na estabilidade celular. De acordo com a teoria quântica da consciência, eles também seriam capazes de vibrar em um nível quântico, um fenômeno que poderia gerar a consciência.
Se a consciência estiver de fato ligada a fenômenos quânticos nos microtúbulos, isso pode mudar radicalmente nossa compreensão sobre doenças neurológicas, anestesia, ou até mesmo a consciência em animais. Essa teoria abriria caminho para novas pesquisas que explorassem a verdadeira natureza da mente.