De dinossauros a pássaros: essa anomalia do DNA enganou cientistas

Publicado por Adrien,
Fonte: Nature
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A queda de um imenso meteoro há 65 milhões de anos marcou o fim da maioria dos dinossauros. Mas não de todos. Os pássaros, últimos dinossauros vivos, prosperaram após esse evento.

Cientistas têm se esforçado há muito tempo para organizar as cerca de 10.000 espécies de pássaros em uma árvore genealógica clara, para entender como esses sobreviventes dos dinossauros conquistaram os céus. Contudo, essa tarefa provou ser mais complicada do que se esperava, mesmo com o advento do sequenciamento de DNA de baixo custo.


De fato, uma anomalia genética há muito negligenciada revelou recentemente que a árvore genealógica dos pássaros é bem mais complexa do que se acreditava, mexendo com nossa compreensão de sua evolução e a de outros organismos.

Duas novas pesquisas revelam que o que enganou os cientistas foi uma seção de um cromossomo que, ao invés de se misturar com o DNA circundante como deveria, permaneceu inalterada no tempo por milhões de anos.

Essa seção, representando apenas 2% do genoma dos pássaros, levou a acreditar que a maioria deles poderia ser agrupada em duas grandes categorias, com flamingos e pombos como primos evolutivos. No entanto, uma árvore genealógica mais precisa, levando em conta essa seção enganosa do genoma, revela quatro grupos principais e distancia ainda mais flamingos de pombos.

Os pesquisadores, liderados por Edward Braun da Universidade da Flórida e Siavash Mirarab da Universidade da Califórnia em San Diego, descobriram essa seção do cromossomo analisando os genomas de 363 espécies de pássaros, revelando uma árvore genealógica diferente daquela previamente estabelecida com base em 48 espécies. Essa descoberta é parte do projeto de genômica aviana B10K, uma colaboração internacional com o objetivo de decifrar a história evolutiva dos pássaros.

O fenômeno de recombinação genética, processo pelo qual os genes dos pais se misturam na descendência, foi interrompido nessa seção do cromossomo por alguns milhões de anos, no momento da extinção dos dinossauros. Esta interrupção fez com que flamingos e pombos parecessem mais próximos um do outro nessa parte específica de seu DNA. No entanto, ao considerar o genoma inteiro, ficou claro que esses dois grupos são mais distantes.

Essa descoberta levanta a possibilidade de que outros organismos tenham regiões genômicas semelhantes, enganando análises de sua evolução. Ela destaca a importância de uma exploração aprofundada dos genomas para compreender a verdadeira história da evolução das espécies.
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