Os pensamentos suicidas são cada vez mais comuns entre os jovens, mas a sua instalação e os sintomas de saúde mental que, frequentemente, os precedem são mal compreendidos, explicam os cientistas.
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Publicado na revista JAMA Psychiatry, este estudo consiste numa análise dos dados do Estudo Longitudinal do Desenvolvimento das Crianças do Quebec, um dos poucos estudos - só existe mais um no mundo - nos quais se acompanhou um grande grupo de jovens e se registaram regularmente os seus pensamentos suicidas.
A maioria dos 1600 jovens participantes nunca teve ou raramente teve pensamentos suicidas. No entanto, dois perfis distintos destacam-se entre aqueles que relataram pensamentos suicidas: cerca de 7% começaram a ter tais pensamentos no inÃcio da adolescência (entre os 12 e os 13 anos), enquanto 5% começaram a tê-los na idade adulta (entre os 20 e os 25 anos).
No grupo que começou cedo a ter pensamentos suicidas, muitos tinham mostrado sinais de perturbações mentais durante a infância: comportamentos perturbadores (sintomas externos geralmente visÃveis), bem como depressão e ansiedade (sintomas internos muitas vezes mais difÃceis de detetar).
"É impressionante constatar que os pais e os professores frequentemente notaram os problemas de comportamento das crianças, mas não o seu sofrimento emocional", salienta a autora principal do estudo, Marie-Claude Geoffroy, professora associada do Departamento de Psiquiatria da Universidade McGill, investigadora no Centro de Investigação do Hospital Douglas e titular da Cátedra de Investigação do Canadá em Saúde Mental e Prevenção do SuicÃdio em Jovens.
Por outro lado, os participantes cujos pensamentos suicidas se manifestaram no inÃcio da idade adulta geralmente só tinham apresentado sintomas internos, que surgiram na adolescência.
Um apoio adequado à idade, como os programas de saúde mental nas escolas, poderia permitir-nos intervir nas crianças e adolescentes de forma particularmente eficaz e no momento certo, ou seja, antes que os pensamentos suicidas se instalem, acrescenta ele.
"Os pensamentos suicidas em jovens ainda são demasiadas vezes considerados uma simples 'fase'", explica a Prof.ª Geoffroy. "No entanto, os nossos resultados destacam a necessidade de implementar sem demora medidas de prevenção do suicÃdio".