🦷 Fim das cáries? Um gel faz o esmalte dos dentes crescer naturalmente

Publicado por Adrien,
Fonte: Nature Communications
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Nature Communications acaba de publicar uma descoberta que pode transformar nossa abordagem aos cuidados dentários. Pesquisadores britânicos desenvolveram um gel capaz de regenerar o esmalte dos dentes, essa camada protetora que não se renova naturalmente após sua formação inicial.

A equipe da Universidade de Nottingham concebeu este material inovador inspirando-se nos processos biológicos naturais. Este gel à base de proteínas reproduz o papel das moléculas que guiam a formação do esmalte durante nosso desenvolvimento. Sua aplicação rápida nos dentes, similar aos tratamentos fluorados convencionais, permite a criação de um revestimento fino e resistente que penetra a superfície dentária para preencher microfissuras e imperfeições enquanto reforça a estrutura existente.


Imagem ilustrativa Pixabay

O mecanismo de ação baseia-se em um fenômeno chamado mineralização epitaxial. O gel serve como andaime estrutural que atrai os íons de cálcio e fosfato presentes na saliva, orquestrando assim o crescimento organizado de novos cristais minerais. Esta regeneração controlada permite que os novos materiais se fundam perfeitamente com o esmalte natural, restaurando tanto a integridade estrutural quanto a resistência mecânica do dente.

As aplicações potenciais vão além da simples reparação do esmalte danificado. O material também pode ser aplicado na dentina exposta, essa camada sensível localizada sob o esmalte. Ele forma então uma barreira protetora similar ao esmalte, oferecendo soluções promissoras contra a hipersensibilidade dentária e melhorando a adesão das restaurações dentárias. Esta versatilidade abre perspectivas para tratar diversos problemas bucais em pacientes de todas as idades.

Os testes em condições realistas demonstraram que o esmalte regenerado possui propriedades mecânicas equivalentes às do esmalte saudável. Ele resiste perfeitamente às solicitações da escovação, da mastigação e da exposição a alimentos ácidos. Esta tecnologia, desenvolvida com uma visão clínica prática, distingue-se dos tratamentos atuais como os vernizes fluorados que apenas aliviam os sintomas sem regenerar verdadeiramente os tecidos perdidos.


Imagens de microscopia eletrônica mostrando cristais de esmalte erodidos (esquerda) e regenerados após tratamento (direita)
Crédito: University of Nottingham

O Dr. Abshar Hasan, principal autor do estudo, ressalta que seu material permite um crescimento cristalino organizado que restaura a arquitetura do esmalte natural. O professor Alvaro Mata, que liderou as pesquisas, especifica que o desenvolvimento continua através de sua startup Mintech-Bio, com o objetivo de comercializar um primeiro produto já no próximo ano, oferecendo assim uma solução acessível para preservar a saúde dentária mundial.

O esmalte dentário: essa barreira que não se regenera


O esmalte constitui a camada externa de nossos dentes, formada por 96% de minerais, principalmente cristais de hidroxiapatita. É a substância mais dura do corpo humano, concebida para resistir às forças da mastigação e proteger as camadas internas mais sensíveis.

Ao contrário de outros tecidos corporais como a pele ou os ossos, o esmalte maduro não contém células vivas. Uma vez formado durante a infância e adolescência, ele não pode mais se regenerar naturalmente. Os ameloblastos, células responsáveis por sua formação, desaparecem uma vez que seu trabalho é concluído.

A erosão do esmalte progressiva resulta principalmente da ação dos ácidos produzidos pelas bactérias bucais e do ataque químico de alimentos e bebidas ácidas. Esta degradação expõe a dentina subjacente, provocando sensibilidade, cáries e podendo levar a infecções mais graves.

Os tratamentos convencionais limitam-se a reforçar o esmalte restante ou a substituí-lo por materiais artificiais. A verdadeira regeneração representa portanto um avanço maior em odontologia, permitindo restaurar a estrutura original em vez de simplesmente compensar suas falhas.

A mineralização epitaxial: a arte de fazer crescer cristais


A mineralização epitaxial designa um processo onde novos cristais se formam alinhando-se precisamente na estrutura de um cristal existente. Este fenômeno natural ocorre quando os átomos se organizam segundo um padrão regular que adota a geometria do substrato inicial.

No domínio dentário, este mecanismo permite que os novos minerais se integrem perfeitamente ao esmalte existente. As proteínas do gel atuam como guias moleculares, orientando o crescimento dos cristais de hidroxiapatita na direção cristalográfica correta.

Este processo difere fundamentalmente das remineralizações clássicas onde os minerais se depositam de maneira desorganizada. A epitaxia assegura uma continuidade estrutural entre o material antigo e o novo, preservando as propriedades mecânicas excepcionais do esmalte natural.

A inovação reside na capacidade de reproduzir artificialmente este processo biológico, criando as condições ideais para que os íons de cálcio e fosfato da saliva se agrupem em uma estrutura cristalina perfeitamente organizada, idêntica à do esmalte saudável.
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