Identificação do maior tsunami moderno no Mediterrâneo 🌊

Publicado por Adrien,
Fonte: CNRS INSU
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Uma equipe internacional coordenada por pesquisadores franceses acaba de fazer uma descoberta importante no Mar Egeu: a identificação precisa da ruptura submarina que provocou o maior tsunami moderno no Mediterrâneo. Essa descoberta, realizada mais de 60 anos após o evento, abre novas perspectivas para a avaliação dos riscos sísmicos e de tsunami na região do Mediterrâneo.


Montagem para ilustração

No Mediterrâneo, a ameaça de tsunamis é bem real: os cientistas estimam que existe uma probabilidade considerável de que um evento desse tipo atinja suas costas nos próximos 30 anos. Para antecipar melhor esses riscos, é crucial compreender a origem dos tsunamis históricos.

Uma equipe de pesquisa do CNRS Terre & Univers (veja o quadro) se dedicou ao maior tsunami moderno conhecido: o tsunami de Amorgos de 9 de julho de 1956. Desencadeado por um grande terremoto no arquipélago das Cíclades, com magnitude estimada entre 7,2 e 7,8, o evento gerou ondas que atingiram até 20 metros em algumas costas gregas, causando danos consideráveis. No entanto, sua fonte exata permaneceu um mistério até agora devido à falta de redes sismológicas precisas na época que permitissem a localização exata do evento.

Para resolver esse mistério, os pesquisadores realizaram duas expedições oceanográficas de grande escala em 2022 e 2023: AMORGOS-22 e AMORGOS-23. A bordo do Navio Oceanográfico Europe da Frota Oceanográfica Francesa, foram implantadas tecnologias submarinas de ponta para explorar o sistema de falhas do graben Santorini-Amorgos, onde o terremoto havia sido localizado de forma aproximada.

Os sondadores do navio permitiram primeiramente mapear todo o sistema de falhas, revelando escarpas espetaculares que formam verdadeiros penhascos submarinos, com desníveis que alcançam centenas de metros. A exploração tornou-se ainda mais detalhada graças a dois equipamentos submarinos sofisticados: o AUV IdefX, que realizou uma cartografia métrica ultra precisa das escarpas, e o HROV Ariane, que permitiu uma exploração visual sistemática com suas câmeras embarcadas.


Modelo 3D do plano de falha de Amorgos, baseado nos vídeos do HROV Ariane (modificado de acordo com Leclerc et al., 2024). A base do plano, medindo cerca de 15,7 metros aqui, foi exumada recentemente, muito provavelmente durante o terremoto de 1956.

Essa metodologia meticulosa gerou resultados impressionantes: os pesquisadores descobriram provas irrefutáveis de deformação recente ao pé da falha de Amorgos, um relevo submarino imponente que se eleva a mais de 700 metros de altura. As inúmeras fotos e vídeos coletados pelo HROV Ariane permitiram criar modelos digitais tridimensionais por meio de fotogrametria, revelando a magnitude da ruptura causada pelo terremoto de 1956.

As medições são espetaculares: o terremoto provocou um deslocamento do fundo marinho de 9 a 16 metros, uma amplitude comparável aos maiores terremotos já registrados na Terra. Essa descoberta sugere que esse movimento tectônico foi suficiente, por si só, para gerar as enormes ondas observadas em 1956, questionando a hipótese até então predominante de um deslizamento submarino.

Este estudo, publicado na revista Communications Earth & Environment, demonstra que agora é possível identificar e estudar traços de terremotos submarinos várias décadas após sua ocorrência. Esses trabalhos continuam, principalmente no âmbito da tese de Sylvain Palagonia (EDSFA, Géoazur, Université Côte d'Azur) e do projeto ANR AMORGOS (2025-2030), que permitirão um entendimento mais detalhado dos riscos sísmicos e de tsunamis no Mediterrâneo Oriental.

Para saber mais:
Large seafloor rupture caused by the 1956 Amorgos tsunamigenic earthquake, Greece.
Commun Earth Environ 5, 663 (2024).
https://doi.org/10.1038/s43247-024-01839-0
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