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🍷 O mesmo circuito cerebral para o álcool e a nicotina
Publicado por Adrien, Fonte: CNRS INSB Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Por que certas drogas reforçam o comportamento de consumo enquanto induzem ansiedade?
Num artigo publicado na revista Nature Communications, cientistas destacam um mecanismo surpreendente que ajuda a compreender este paradoxo. Ao estudar os efeitos da nicotina e do álcool no cérebro de ratos, identificaram um circuito cerebral que liga diretamente o reforço e o mal-estar emocional.
Um mecanismo que liga reforço e ansiedade
Trabalhos anteriores já haviam demonstrado que a nicotina inibe especificamente uma subpopulação de neurónios de dopamina numa região do cérebro chamada área tegmental ventral (VTA), conhecida por desempenhar um papel central no circuito de recompensa. Estes neurónios, que projetam para a amígdala, uma região envolvida na regulação das emoções, estão associados à ansiedade. Mas o mecanismo da sua inibição permanecia mal compreendido.
Neste estudo publicado na Nature Communications, cientistas mostram que esta inibição resulta de um efeito em cascata. Quando outro grupo de neurónios dopaminérgicos da VTA, que projetam para o núcleo accumbens (NAc) — uma região chave do circuito de recompensa — é ativado pela nicotina ou pelo álcool, desencadeia um ciclo de retroalimentação que inibe os neurónios da VTA que projetam para a amígdala e modulam a ansiedade.
Resultado: uma mesma substância pode reforçar o comportamento de consumo enquanto desequilibra os circuitos emocionais que normalmente regulam a ansiedade.
Um circuito partilhado pelo álcool e pela nicotina
Os cientistas também demonstraram que o álcool envolve o mesmo circuito que a nicotina e que os seus efeitos se somam. Utilizando optogenética, uma técnica de ponta que permite ativar ou inibir neurónios com luz, conseguiram bloquear especificamente este ciclo de retroalimentação. Isso impede tanto a inibição neuronal como o aparecimento do comportamento ansioso geralmente observado após a administração das drogas.
Esta descoberta realça um aspeto pouco conhecido do funcionamento do cérebro: as mesmas redes que codificam a recompensa podem, em certas condições, gerar estados emocionais negativos. Ao ligar diretamente estas duas dimensões, o circuito destacado esclarece os mecanismos da dependência, em particular o consumo frequente conjunto de tabaco e álcool. Para além destes resultados fundamentais, estes trabalhos abrem assim novas perspetivas para compreender melhor como o cérebro articula o comportamento de consumo e a regulação emocional, e como esta dinâmica pode tornar-se patológica no contexto do uso repetido de drogas.