🔭 O misterioso halo invisível da Terra finalmente revelado por um observatório espacial

Publicado por Adrien,
Fonte: Universe Today
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Nosso planeta está cercado por um halo de luz ultravioleta invisível a olho nu, um fenômeno celeste que os cientistas buscam decifrar há mais de meio século. Esse brilho enigmático, chamado geocoroa, constitui a camada mais externa da nossa atmosfera e se estende muito além do que poderíamos imaginar.

Em 24 de setembro passado, uma missão espacial particularmente ambiciosa decolou do Centro Espacial Kennedy na Flórida. O Observatório Geocoroa Carruthers iniciou sua viagem para um ponto estratégico do espaço situado entre a Terra e o Sol. Esse ponto particular, conhecido como ponto de Lagrange L1, fica a aproximadamente 1,6 milhão de quilômetros do nosso planeta, ou seja, quatro vezes mais longe que a Lua. Nessa posição privilegiada, o observatório poderá estudar a geocoroa em sua totalidade, um feito nunca realizado antes.


Imagem histórica da missão original Carruthers durante a Apollo 16 em 1972.
Crédito: G. Carruthers (NRL) et al. / Far UV Camera / NASA / Apollo 16

A geocoroa representa a parte mais extrema da atmosfera terrestre, começando a aproximadamente 480 quilômetros de altitude e se estendendo até a meio caminho da Lua. Esse imenso envelope gasoso é composto principalmente de hidrogênio, um elemento fundamental para, entre outros, a água. O que torna essa missão particularmente crucial é que ela permitirá estudar como as partículas solares interagem com essa camada atmosférica e contribuem para a perda de hidrogênio do nosso planeta.

A ideia dessa missão remonta a 1972, quando o Dr. George Carruthers havia colocado uma câmera ultravioleta primitiva na Lua durante a missão Apollo 16. Embora as imagens obtidas tenham sido espetaculares, o físico havia compreendido que elas mostravam apenas parte do fenômeno. O novo observatório, equipado com tecnologias de imageamento ultravioleta cinquenta vezes mais avançadas, possui tanto um imageador de grande campo para capturar o conjunto da geocoroa quanto um imageador próximo para estudar suas interações detalhadas.

Os dados coletados por essa missão poderiam revolucionar nossa compreensão da habitabilidade dos planetas. Ao estudar como a Terra perde seu hidrogênio no espaço, os cientistas poderão identificar melhor os exoplanetas capazes de conservar sua água líquida. O observatório deverá começar suas observações científicas em março próximo e funcionar por pelo menos dois anos, realizando assim o sonho de um visionário da exploração espacial.

Os pontos de Lagrange: posições estratégicas no espaço


Os pontos de Lagrange representam posições orbitais únicas onde as forças gravitacionais de dois corpos celestes se equilibram perfeitamente com a força centrífuga. Esses cinco pontos particulares, nomeados L1 a L5, permitem que um pequeno objeto como um satélite mantenha uma posição estável relativa aos dois corpos principais.


Representação artística dos pontos de Lagrange Terra-Sol. O ponto L1 é o destino final do Observatório Geocoroa Carruthers.
Crédito: NASA's Conceptual Image Lab/Krystofer Kim

O ponto L1, destino do Observatório Geocoroa Carruthers, situa-se diretamente entre a Terra e o Sol. Essa posição oferece a vantagem única de ter uma visão permanente da nossa estrela enquanto observa continuamente a face iluminada do nosso planeta. Muitos observatórios solares e meteorológicos espaciais utilizam essa posição privilegiada.

A estabilidade excepcional desses pontos os torna locais ideais para missões de observação de longo prazo. Ao contrário dos satélites em órbita terrestre que precisam ajustar constantemente sua posição, uma espaçonave colocada em um ponto de Lagrange pode manter sua posição com muito pouco combustível, o que prolonga consideravelmente sua vida operacional.

Essas posições estratégicas tornaram-se essenciais para o estudo do Sol, do clima espacial e agora da atmosfera terrestre em seu conjunto. Seu uso testemunha nossa compreensão crescente da mecânica celeste e de nossa capacidade de explorar as leis físicas do Universo para a exploração científica.

O hidrogênio atmosférico e seu papel na habitabilidade planetária


O hidrogênio, embora presente em pequenas quantidades na nossa atmosfera, desempenha um papel fundamental na manutenção das condições propícias à vida na Terra. Esse elemento leve constitui um componente chave da molécula de água e participa de muitos ciclos atmosféricos essenciais.

Nas camadas superiores da atmosfera, o hidrogênio sofre um processo chamado 'escape atmosférico' onde as partículas energéticas do Sol podem lhe dar velocidade suficiente para deixar a atração gravitacional terrestre. Esse fenômeno, embora lento na escala humana, representa uma perda contínua para o nosso planeta.

O estudo desse escape de hidrogênio reveste-se de importância capital para a busca de vida extraterrestre. Ao compreender os mecanismos que regem a retenção ou a perda desse elemento em diferentes planetas, os astrônomos podem avaliar melhor quais mundos são suscetíveis de conservar oceanos líquidos por períodos geológicos.

Os dados do Observatório Carruthers permitirão quantificar precisamente essa taxa de perda e compreender como ela varia com a atividade solar. Essas informações servirão de referência para avaliar a habitabilidade dos exoplanetas descobertos ao redor de outras estrelas, tornando essa missão uma ferramenta preciosa na busca de mundos semelhantes ao nosso.
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