Os mais ricos do mundo parecem menos ricos do que realmente são, pelo menos na percepção do público em geral. No entanto, essa percepção equivocada tem consequências diretas no apoio às políticas de redistribuição de riquezas.
A desigualdade de rendimentos aumentou desde os anos 1970, especialmente nos Estados Unidos, mas isso não provocou uma mudança significativa na opinião pública sobre a justiça social.
De acordo com um estudo conduzido por Barnabas Szaszi e sua equipe, as pessoas subestimam sistematicamente a renda dos mais ricos. Este fenômeno foi observado em várias experiências realizadas com cidadãos americanos.
No primeiro estudo, quase 1000 participantes foram convidados a estimar os limiares de renda anual de vários percentis da população. Os resultados mostram que a maioria das pessoas subestima amplamente o limiar de renda do 1% mais rico, sendo, no entanto, mais precisas quanto aos rendimentos mais modestos.
Um outro grupo de participantes, composto por 834 cidadãos, participou de uma experiência semelhante, desta vez com um incentivo financeiro para encorajar respostas precisas. As conclusões permaneceram as mesmas: uma subestimação acentuada das rendas mais altas.
Outros dois estudos utilizaram uma abordagem diferente: os participantes deviam estimar a renda de membros fictícios de uma sociedade imaginária. Mais uma vez, a equipe de pesquisa observou uma tendência a subestimar os rendimentos dos mais ricos, mesmo quando os dados eram apresentados de forma explícita.
Essa insensibilidade à riqueza dos mais ricos pode estar relacionada a um fenômeno psicológico chamado "insensibilidade à escala". As pessoas percebem grandes quantidades de dinheiro de forma vaga, agrupando-as em categorias amplas, como "rico", sem compreender a diferença entre milhões e bilhões.
Esse mal-entendido poderia explicar por que os apelos por uma redistribuição mais justa das riquezas têm dificuldade em ganhar apoio nos Estados Unidos, mesmo quando as desigualdades nunca foram tão grandes.