Perfuração de 2,8 km na Antártida revela 1,2 milhão de anos de segredos climáticos ❄️

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Universidade de Berna
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Uma equipe internacional conseguiu perfurar o gelo mais antigo já descoberto na Antártida. Essa façanha científica abre uma janela inédita para a evolução do clima terrestre.


Após quatro anos de esforços, os pesquisadores do projeto Beyond EPICA atingiram o leito rochoso sob a calota de gelo, a uma profundidade de 2,8 quilômetros. O testemunho de gelo extraído contém informações climáticas que remontam a 1,2 milhão de anos, oferecendo assim uma visão única dos ciclos glaciais e das variações atmosféricas.

Um arquivo climático excepcional

O gelo antártico age como uma cápsula do tempo, aprisionando bolhas de ar e partículas de poeira que revelam a composição da atmosfera passada. Cada camada de gelo corresponde a uma época específica, permitindo que os cientistas reconstruam a história climática da Terra.

As análises preliminares mostram que os primeiros 2.480 metros do testemunho contêm um registro climático contínuo e detalhado. Essa descoberta é essencial para entender os mecanismos que influenciaram os ciclos glaciais ao longo do último milhão de anos.

Uma perfuração em condições extremas

O local da perfuração, situado em Little Dome C, é um dos lugares mais isolados e inóspitos do planeta. As temperaturas médias ficam em torno de -35 °C, e os pesquisadores tiveram que superar enormes desafios logísticos para concluir sua missão.


A equipe usou tecnologias de ponta para identificar o local ideal. A perfuração foi realizada ao longo de quatro temporadas de verão, com precauções extremas para preservar a integridade das amostras.

Os mistérios do Pleistoceno Médio

Um dos principais objetivos deste projeto é esclarecer a transição do Pleistoceno Médio, um período marcado por uma desaceleração dos ciclos glaciais. Há cerca de 900.000 a 1,2 milhão de anos, a duração desses ciclos passou de 41.000 para 100.000 anos, sem uma explicação clara.

Os cientistas esperam que a análise dos gases de efeito estufa presos no gelo forneça respostas. Esses dados também podem ajudar a entender melhor o impacto das atividades humanas no clima atual.

Um tesouro científico a caminho da Europa

As amostras de gelo foram transportadas para a Europa em contêineres refrigerados especialmente projetados. Elas serão analisadas por laboratórios especializados, incluindo o da Universidade de Berna, que possui expertise reconhecida no estudo de testemunhos de gelo.


Essas análises permitirão reconstruir as variações das temperaturas oceânicas, dos gases de efeito estufa e dos aerossóis ao longo de mais de um milhão de anos. Os resultados podem revolucionar nossa compreensão das mudanças climáticas passadas e futuras.

Uma colaboração internacional exemplar

O projeto Beyond EPICA reúne pesquisadores de dez países europeus, apoiados pela Comissão Europeia. Essa colaboração ilustra a importância da ciência internacional para enfrentar os desafios climáticos.

Os dados provenientes desse testemunho de gelo serão compartilhados com a comunidade científica global, contribuindo para enriquecer os modelos climáticos e aprimorar as previsões para as próximas décadas.
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