Com as restrições da vida moderna, pode ser difícil manter uma atividade física regular durante a semana.
Entre o trabalho, as responsabilidades familiares e outros compromissos, muitas pessoas acabam não tendo tempo para se exercitar. Assim, surge o fenômeno dos "guerreiros de fim de semana", aqueles que concentram sua atividade física em um ou dois dias, geralmente no fim de semana, para compensar a falta de exercício durante a semana.
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Um estudo recente, publicado na
Nature Aging, explorou a eficácia dessa estratégia e revelou que ela pode ser tão benéfica quanto o exercício regular durante toda a semana. Este resultado é consistente com um estudo anterior que compartilhamos há alguns meses (
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Os pesquisadores, usando dados da grande coorte britânica
UK Biobank, procuraram entender se o exercício físico intenso concentrado no fim de semana poderia oferecer os mesmos benefícios para a saúde que o exercício regular.
Esta coorte, que acompanha cerca de 500.000 pessoas, permitiu aos pesquisadores analisar dados de mais de 75.000 participantes que usavam rastreadores de atividade durante uma semana. Esses participantes foram então divididos em três grupos: os inativos, aqueles que praticam atividade física regular ao longo da semana, e os "guerreiros de fim de semana", que realizam mais de 50% de sua atividade física em um ou dois dias.
O estudo revelou que, em comparação com os participantes inativos, os "guerreiros de fim de semana" tinham riscos reduzidos de desenvolver certas doenças. Os resultados mostraram reduções significativas nos riscos de demência, acidente vascular cerebral (AVC) e doença de Parkinson naqueles que concentraram seus exercícios no fim de semana.
Esses resultados foram comparáveis aos dos participantes que praticavam exercício de forma regular ao longo da semana, sugerindo que o essencial está na quantidade total de atividade física moderada a vigorosa, em vez de sua distribuição ao longo dos dias.
Os pesquisadores explicam que os benefícios do exercício físico no cérebro e no sistema nervoso podem ser atribuídos a vários mecanismos biológicos. O exercício favorece a secreção de hormônios como endorfina e dopamina, que ajudam a reduzir o estresse e a melhorar a plasticidade cerebral.
Uma atividade intensa em um curto período pode ser suficiente para desencadear esses efeitos protetores. Isso oferece uma perspectiva interessante para aqueles que não podem se exercitar regularmente durante a semana.
Para as pessoas com uma agenda cheia, o estudo mostra que é possível se organizar de forma diferente enquanto se beneficia dos efeitos do exercício. Sejam idosos, trabalhadores ou pais, a chave é encontrar uma rotina que permita respeitar as recomendações de atividade física, mesmo que isso ocorra em apenas um ou dois dias.
Os pesquisadores também destacam que a prática de atividades variadas, como caminhada rápida, subida de escadas ou tarefas domésticas ativas, pode contribuir para os benefícios do exercício.
Embora este estudo tenha demonstrado resultados promissores, ele apresenta algumas limitações. Os pesquisadores observam que o estudo não conseguiu levar em conta as mudanças nos hábitos esportivos dos participantes ao longo do tempo, e que é possível que outros fatores de estilo de vida tenham influenciado os resultados. Eles sugerem que pesquisas futuras poderiam explorar o impacto dessas variações e avaliar outros tipos de exercício ou populações específicas.
No entanto, esta pesquisa se soma a um número crescente de evidências que apoiam os benefícios da atividade física regular, independentemente de sua forma ou distribuição ao longo do tempo.