É o caso, em particular, das moléculas que conferem sabores de canela ou cítricos a esses produtos, revela um estudo publicado no American Journal of Physiology - Lung Cellular and Molecular Physiology por uma equipe da Faculdade de Medicina da Universidade Laval e do Centro de Pesquisa do Instituto Universitário de Cardiologia e Pneumologia de Quebec-Universidade Laval.
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"As moléculas usadas para dar sabor aos líquidos de vaping são as mesmas utilizadas em alimentos ou perfumes", lembra o responsável pelo estudo, Mathieu Morissette. "Existem centenas dessas moléculas, e algumas podem causar reações inflamatórias cutâneas significativas. Queríamos documentar os possíveis efeitos dessas moléculas nos pulmões."
Sua equipe estudou quatro moléculas, isoladas ou em combinação, frequentemente usadas em misturas de sabores adicionadas aos líquidos de vaping. "Documentamos seus efeitos em células chamadas células dendríticas, que atuam como sentinelas porque estão entre as primeiras a reagir à presença de moléculas inflamatórias ou patogênicas no organismo. Além disso, são essas células que 'decidem' se devem ou não mobilizar outras células do sistema imunológico", explica o professor Morissette.
Em condições normais, as células dendríticas permanecem em um estágio imaturo nas mucosas respiratórias. Elas retomam sua maturação quando detectam a presença de moléculas potencialmente prejudiciais ao organismo. Essa ativação é o primeiro passo de uma cascata de reações imunológicas que podem levar à sensibilização e inflamação dos pulmões. Isso pode resultar em uma forma de asma ocupacional, documentada, entre outros, em pessoas que trabalham em contato com caranguejo, tinta ou pinho.
Os testes realizados in vitro em células dendríticas de camundongos e in vivo em camundongos mostram que a cinamaldeído (sabor de canela) e o citral (sabor de limão ou lima) têm a capacidade de ativar as células dendríticas. "Não devemos concluir que outros sabores são aceitáveis para os pulmões humanos", ressalta o professor Morissette. "As respostas a essas moléculas variam muito de pessoa para pessoa. Nosso estudo foi uma prova de conceito de que certas moléculas de sabor podem desencadear uma resposta das células dendríticas dos pulmões."
Já se sabia que a nicotina e vários outros compostos presentes nos líquidos de vaping têm efeitos prejudiciais à saúde. As moléculas de sabor agora se somam a essa lista, conclui o professor Morissette.