O tempo não é o mesmo em todo o espaço. Em Marte, ele passa, em média, 477 microssegundos a mais a cada dia terrestre (24h) do que na Terra, uma diferença imperceptível, mas real, que tem origem nas leis da física.
Esta singularidade decorre da teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Ela estabelece que o tempo não é absoluto, mas depende da gravidade e da velocidade. Assim, um ambiente gravitacional mais fraco ou um movimento diferente altera o ritmo dos relógios, um efeito chamado dilatação do tempo (veja abaixo).
Físicos do NIST, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos, realizaram o cálculo preciso dessa diferença. Para isso, integraram a gravidade reduzida de Marte, 2,6 vezes menor do que na Terra, bem como as características de sua órbita ao redor do Sol. A influência gravitacional e as órbitas da Terra e da Lua também entram em jogo para o cálculo do tempo na Terra, tornando a análise particularmente detalhada.
Na realidade, essas variações são notáveis ao longo de um ano marciano. Com efeito, a órbita elíptica de Marte faz com que sua velocidade mude, ligeiramente mais rápida quando ela se aproxima do Sol. Todos esses parâmetros combinados fazem flutuar a diferença de tempo, podendo atingir até 226 microssegundos de desvio em relação ao valor médio.
Em escala humana, essa diferença parece ínfima, mas tem consequências concretas para as tecnologias futuras. As redes de navegação e comunicação planejadas entre a Terra e Marte exigem uma sincronização extremamente precisa. Para ilustração, sistemas como o 5G exigem uma exatidão de um décimo de microssegundo, tornando esse conhecimento necessário.
Esses trabalhos se inscrevem em uma visão de longo prazo da exploração espacial. Aliás, os pesquisadores já mediram anteriormente uma diferença similar para a Lua, onde o tempo passa 56 microssegundos mais rápido. Como apresentam os cientistas na
The Astronomical Journal, compreender essas diferenças prepara o estabelecimento de infraestruturas confiáveis além do nosso planeta, etapa rumo a uma presença humana ampliada no Sistema Solar.
A dilatação do tempo: quando o ritmo muda
A teoria da relatividade geral de Albert Einstein revolucionou nossa percepção do tempo. Ela mostra que o tempo não é uma constante universal, mas que pode passar mais ou menos rápido dependendo das condições. Esse efeito, denominado dilatação do tempo, ocorre sob a influência de dois fatores principais: a gravidade e a velocidade.
Em um campo gravitacional intenso, como perto de um buraco negro, o tempo desacelera em comparação a um local onde a gravidade é fraca. Da mesma forma, um objeto se deslocando a uma velocidade próxima à da luz verá seus relógios baterem mais devagar. Esses fenômenos não são apenas teóricos; são confirmados por experiências e observações precisas.
Em Marte, a gravidade é mais fraca do que na Terra, o que tende a acelerar seu tempo próprio. No entanto, a órbita do planeta acrescenta uma componente de velocidade variável. Quando Marte está mais perto do Sol, ela se move mais rápido, o que tem um efeito oposto.
Essa compreensão é fundamental para a física moderna. Ela permite interpretar observações cosmológicas e desenvolver tecnologias avançadas. Em última análise, a dilatação do tempo nos lembra que nossa percepção do tempo está ligada ao nosso ambiente e ao nosso movimento no cosmos.