Uma borboleta mediterrânica de cores vivas foi durante muito tempo confundida com uma espécie comum. Análises genéticas revelaram a sua verdadeira identidade.
Durante mais de um sĂ©culo, este inseto foi confundido com a "carcina do carvalho" (Carcina quercana), comum na Europa. A sua semelhança impressionante com esta Ăşltima mascarou a sua singularidade atĂ© investigações recentes. O Dr. Peter Huemer, entomologista austrĂaco, conduziu pesquisas aprofundadas.
Macho da nova espécie identificada. Crédito: P. Huemer/Ferdinandeum
O sequenciamento de ADN mostrou divergências genéticas superiores a 6% com a espécie próxima. Estas diferenças significativas foram corroboradas pelo estudo dos órgãos reprodutores. A confirmação de uma nova espécie está assim estabelecida sem qualquer ambiguidade.
Batizada como
Carcina ingridmariae , mede cerca de dois centĂmetros e habita o leste do Mediterrâneo. As suas lagartas alimentar-se-iam de várias espĂ©cies de carvalhos, de forma semelhante Ă sua parente. SĂŁo necessários estudos complementares para precisar a sua ecologia.
O Dr. Huemer escolheu este nome em homenagem Ă sua esposa, Ingrid Maria, pelo seu aniversário de casamento. Com mais de 200 espĂ©cies descritas, considera esta descoberta como a mais estĂ©tica da sua carreira. Um gesto pessoal que marca a importância dos apoios na investigação cientĂfica.
Fêmea adulta da carcina de Ingrid-Maria. Crédito: P. Huemer/Ferdinandeum
Esta identificação sublinha os avanços permitidos pelas tĂ©cnicas moleculares em taxonomia. Muitas espĂ©cies crĂpticas poderĂŁo ainda ser descobertas graças a estes mĂ©todos.
O que Ă© o cĂłdigo de barras de ADN?
O código de barras de ADN é uma técnica que utiliza uma curta sequência genética padronizada para identificar espécies. Comparável a um código de barras, permite distinguir organismos morfologicamente semelhantes.
Este mĂ©todo baseia-se frequentemente no gene mitocondrial COI, estável e variável entre espĂ©cies. Revolucionou a taxonomia ao fornecer dados objetivos e reproduzĂveis.
Aplicada desde os anos 2000, ajuda a descobrir novas espécies e a compreender melhor a biodiversidade. As bases de dados globais facilitam as comparações e aceleram as pesquisas.
A sua utilização estende-se à conservação, identificando espécies ameaçadas ou invasoras. Uma ferramenta preciosa para os cientistas.
Como sĂŁo descobertas as espĂ©cies crĂpticas?
As espĂ©cies crĂpticas sĂŁo taxa morfologicamente idĂŞnticos mas geneticamente distintos. A sua descoberta requer abordagens que integram genĂ©tica e morfologia.
As análises de ADN revelam divergĂŞncias invisĂveis a olho nu. Estudos detalhados das caracterĂsticas fĂsicas, como os genitais, confirmam depois estas diferenças.
Estas descobertas são frequentes nos insetos, onde a convergência evolutiva é comum. Têm implicações para a conservação, pois cada espécie pode ter necessidades ecológicas únicas.