🌍 Um meteorito terá modificado o Grand Canyon há 56.000 anos?

Publicado por Adrien,
Fonte: Geology
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A colisão de um meteorito no que é hoje o Arizona deixou uma marca indelével: a Cratera do Meteorito. Quase ao mesmo tempo, um gigantesco deslizamento de terra bloqueou o rio Colorado, criando um lago efémero no Grand Canyon. Esta coincidência temporal intriga os cientistas há décadas.


Vista panorâmica da Cratera do Meteorito no Arizona.
Imagem Wikimedia

Os investigadores utilizaram técnicas avançadas de datação para estabelecer esta conexão. Amostras de madeira flutuante e sedimentos, encontradas em grutas do canyon, foram analisadas. Os resultados apontam para uma data semelhante à do impacto meteorítico, reforçando a hipótese de uma ligação causal.

A equipa internacional, liderada por professores da Universidade do Novo México, combinou diversos métodos para aperfeiçoar as suas conclusões. Os dados sedimentares e as análises laboratoriais convergem para um período preciso, há cerca de 56.000 anos. Esta sincronicidade abre novas perspetivas sobre as interações entre eventos cósmicos e geológicos.

As implicações desta descoberta são vastas. Sugere que impactos meteoríticos podem ter efeitos geológicos a grande distância. O terramoto gerado pelo impacto pode ter desencadeado o deslizamento de terra, alterando temporariamente o curso do rio Colorado.


Jason Ballensky explora os sedimentos lacustres depositados nas grutas de Marble Canyon. Os depósitos alternados de areia e silte assemelham-se aos que formam hoje o delta do lago Mead.
Crédito: Karl Karlstrom

Os cientistas mantêm-se cautelosos, reconhecendo que outros fatores podem explicar estes eventos. No entanto, a convergência das datas e das provas geológicas torna a hipótese de uma ligação causal cada vez mais plausível. Este estudo, publicado na Geology, marca um passo importante na compreensão do que moldou o nosso planeta.

Como pode um meteorito influenciar a geologia terrestre?


Quando um meteorito atinge a Terra, liberta uma quantidade fenomenal de energia, capaz de provocar sismos, tsunamis ou alterações climáticas.

O impacto da Cratera do Meteorito, por exemplo, gerou um sismo estimado em 5,4 de magnitude. Esta vibração pode ter desencadeado deslizamentos de terra a centenas de quilómetros, como o do Grand Canyon. As ondas sísmicas viajam rapidamente através da crosta terrestre, afetando zonas muito distantes do ponto de impacto.

Além disso, a energia libertada pode modificar localmente a paisagem, criando crateras ou lagos temporários. Estas alterações, embora muitas vezes efémeras, deixam vestígios nos registos geológicos. O estudo destes vestígios permite aos cientistas reconstituir eventos antigos e as suas consequências.

Os impactos meteoríticos também influenciam a biosfera. Podem causar extinções em massa ou, pelo contrário, abrir nichos ecológicos para novas espécies. A interação entre estes eventos cósmicos e a vida terrestre é uma área de pesquisa em pleno desenvolvimento.

O que é um paleolago e como se forma?


Um paleolago é um antigo lago que já não existe hoje. Estes planos de água desaparecidos deixam frequentemente vestígios sob a forma de sedimentos ou terraços, visíveis na paisagem.

No caso do Grand Canyon, o paleolago formou-se após um deslizamento de terra. Este bloqueou o curso do Colorado, criando um lago a montante. Este tipo de barragem natural é instável e geralmente acaba por ceder, esvaziando o lago.

Os sedimentos depositados no fundo destes lagos temporários são arquivos valiosos. Contêm informações sobre o clima, a vegetação e os eventos geológicos da época. Os cientistas estudam-nos para compreender as mudanças ambientais passadas.

A formação de paleolagos não é rara em regiões montanhosas ou com canyons. No entanto, a sua ligação a eventos cósmicos, como impactos meteoríticos, é uma descoberta recente. Esta interação abre novos caminhos para interpretar paisagens antigas.
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