🌊 Um satélite captou ao vivo o nascimento de um tsunami gigante

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: The Seismic Record
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Da órbita terrestre, um observador assistiu ao nascimento e ao percurso de um colosso dos mares.

Regressemos a 29 de julho de 2025. Um grande sismo ao largo da península do Kamchatka abala o fundo do oceano, gerando um tsunami que atravessa o Pacífico. Por uma coincidência oportuna, o satélite SWOT, fruto de uma colaboração entre a NASA e o CNES, sobrevoa a zona no mesmo momento.


Concebido inicialmente para mapear com uma precisão sem precedentes as variações da altura da água na Terra, tornou-se então na primeira testemunha espacial a capturar a totalidade de um tal evento com uma resolução excecional. Esta observação, cruzada com os dados das boias costeiras, oferece um quadro sem precedentes das forças em jogo.

As ondas revelam os seus segredos


A análise dos dados publicada na The Seismic Record produziu uma descoberta maior. O tsunami não se comportou como uma simples e única massa de água deslocada. Pelo contrário, o olhar apurado do SWOT distinguiu uma estrutura nunca vista, onde uma onda principal imponente era seguida por várias ondas mais modestas, formando uma espécie de cortejo. Esta observação direta coloca em causa o postulado do modelo não dispersivo, que prevalecia para os tsunamis de grande amplitude.

A força do SWOT reside na largura do seu campo de visão, cobrindo cerca de 120 quilómetros de uma só vez. Esta capacidade permite captar a geografia completa da onda, e não apenas o seu rasto ao longo de uma linha estreita, como faziam os instrumentos anteriores. Os oceanógrafos comparam este avanço à passagem de uma visão em túnel para uma visão panorâmica, oferecendo finalmente uma compreensão global da dinâmica interna destes eventos.


A sinergia entre as medições espaciais e as redes existentes, como as boias DART ancoradas no fundo dos oceanos, foi determinante. Estas últimas fornecem dados precisos mas pontuais, como pontos num mapa. As imagens do SWOT, por sua vez, permitem ligar esses pontos para desenhar a verdadeira forma do evento. Esta complementaridade valida um novo método de investigação para os cientistas.

Para uma previsão mais precisa dos riscos costeiros


Esta observação pioneira abre perspetivas concretas para a melhoria dos sistemas de alerta. A capacidade de visualizar em detalhe e rapidamente a estrutura de um tsunami logo após a sua formação em pleno mar representa uma vantagem considerável. Os modelos de propagação poderiam integrar estes novos dados sobre a dispersão das ondas, levando a previsões de chegada e de altura mais precisas nas costas ameaçadas.

O contributo do SWOT não se limita apenas à física das ondas. Ao permitir mapear com precisão a deformação do fundo oceânico que deu origem ao tsunami, o satélite ajuda a compreender melhor o próprio mecanismo do sismo na origem do fenómeno. Esta análise retrospetiva enriquece o conhecimento das zonas de subducção e do seu potencial sísmico, um elemento-chave para a avaliação dos riscos a longo prazo.

O estudo do tsunami de 2025 permitiu também uma comparação histórica instrutiva com o grande sismo de 1952 na mesma região. Os dados sugerem que a falha não libertou toda a sua energia há 73 anos, contribuindo para o evento recente.
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