O câncer de pâncreas tem uma relação particular com o sistema nervoso, com interações que favorecem seu crescimento. Um estudo recente mostra como os tumores reprogramam as células nervosas para seu benefício.
Pesquisadores do Centro Alemão de Pesquisa sobre o Câncer (DKFZ) e do Instituto de Tecnologia de Células-Tronco e Medicina Experimental de Heidelberg (HI-STEM) publicaram na
Nature descobertas surpreendentes. Seus trabalhos em modelos murinos demonstraram que os tumores pancreáticos modificam a atividade genética dos neurônios para apoiar seu desenvolvimento.
O estudo revelou que as células nervosas, além de apoiar diretamente as células cancerígenas, também influenciam os fibroblastos associados ao câncer (CAF). Estes últimos desempenham um papel crucial na supressão da resposta imunológica, permitindo que o tumor prolifere sem obstáculos.
Ao interromper as conexões nervosas, os cientistas observaram uma redução significativa no crescimento tumoral. Essa intervenção também tornou os tumores mais sensíveis aos tratamentos de quimioterapia e imunoterapia, abrindo novas perspectivas terapêuticas.
A equipe utilizou uma combinação de nab-paclitaxel, um agente de quimioterapia, e neurotoxinas para bloquear as conexões nervosas. Essa abordagem resultou em uma redução de mais de 90% da massa tumoral, demonstrando a importância das interações nervosas na progressão do câncer.
Os pesquisadores agora planejam ensaios clínicos para testar essa estratégia em pacientes com câncer de pâncreas. O objetivo é reduzir os tumores a um ponto onde se tornem ressecáveis, oferecendo assim melhores chances de sobrevivência.
Essa pesquisa destaca a importância do sistema nervoso no desenvolvimento do câncer e abre caminho para novas abordagens terapêuticas que combinam quimioterapia, imunoterapia e modulação nervosa.
Como o câncer de pâncreas reprograma as células nervosas?
O câncer de pâncreas modifica a atividade genética dos neurônios circundantes para favorecer seu próprio crescimento. Essa reprogramação envolve um aumento ou diminuição da expressão de certos genes, criando uma assinatura específica do tumor.
Os neurônios assim modificados interagem diretamente com as células cancerígenas e também influenciam os fibroblastos associados ao câncer. Estes últimos contribuem para a supressão da resposta imunológica, permitindo que o tumor se desenvolva sem obstáculos.
Essa interação entre as células nervosas e os tumores pancreáticos abre novas perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos que visam especificamente esses mecanismos.
Por que bloquear as conexões nervosas é eficaz contra o câncer?
A interrupção das conexões nervosas com o tumor pancreático reduz significativamente seu crescimento. Isso se explica pela diminuição da atividade dos genes que promovem o crescimento nas células cancerígenas e nos fibroblastos associados.
Além disso, essa intervenção aumenta a atividade dos genes pró-inflamatórios nos fibroblastos, estimulando assim a resposta imunológica contra o tumor. Isso torna os tumores mais sensíveis aos tratamentos de imunoterapia.
Essa abordagem combinada de bloqueio nervoso e tratamento imunológico abre novas vias para melhorar a eficácia das terapias contra o câncer de pâncreas.